A arte de desafiar os próprios limites… A arte de ser enganado pelo contrário… parte 2
Postado em 15/01/2008


postado por Fábio Laguna

…Chegamos ao local da “tragédia” havia roupas espalhadas sobre uns 500 metros de asfalto, acostamento e canaletas. Foi impossível não achar a situação engraçada, por mais desagradável que fosse. Enquanto o Aquiles iluminava a pista com o carro em zigue-zague, eu seguia recolhendo os “corpos” do Nando e, como sempre, na companhia do nosso amigo Murphy, que dessa vez nos presenteou com uma chuva! Pra ser sincero começamos a pegar as roupas rindo e terminamos muito mal, pois sabíamos o que aquilo significava para nosso parceiro.

Chegando novamente ao posto onde havíamos parado para conferir a lona da carga, vimos à cara de desespero do Nando querendo conferir o que tínhamos conseguido recuperar e, para nossa surpresa, tínhamos recuperado quase tudo!

Com a mala totalmente destruída devido aos ininterruptos atropelamentos sofridos pelas carretas, caminhões, carros etc, a nova mala do Nando até a volta para o Brasil foi um saco plástico preto, de lixo é claro!

Esse episódio foi responsável por mais de duas horas de atraso. Além disso, a chuva continuou por toda madrugada e por boa parte da manhã. Todos estavam exaustos e viajando a base de algum estimulante leve, como café, “arrebite” e Red Bull, e muita conversa fiada para não deixar ninguém dormir, mas mesmo assim fizemos uma parada de meia hora num posto de gasolina, onde o Aquiles deu uma dormida rápida. O Nando chegou para o Aquiles e disse: – Meu, deixa eu dirigir que estou bem… De tão cansado, o Aquiles nem conseguiu construir uma frase para responder e fez um barulho com a boca que ninguém entendeu… Alguns minutos depois o Nando estava roncando com a boca aberta… Depois de acordar, Nando desfilou seu repertório inacabável de piadas lá pelas 9 da matina… Tudo valia… Até mesmo peidar, se isso fosse manter os outros acordados.

Foi com esse propósito de manter todo mundo acordado que no meio da baboseira geral conhecemos o “Contrário”, o amigo distante do Murphy. Tudo começou quando o Aquiles queria fazer um caminho onde a estrada fosse melhor e foi “enganado pelo contrário”, pois ele quis mudar o caminho que estava acostumado a fazer quando ia fazer workshops por aquelas regiões e de repente caiu na mesma estrada… Com isso começou oficialmente toda a trajetória dos “Enganados pelo contrário”…

O Contrário enganou todo mundo! Disse que era fácil ter uma banda, viajar 60 horas seguidas, comendo pão de queijo, coxinha e café, sob chuva, sem tomar banho. O mais enganado pelo Contrário durante toda turnê foi o Martinez. Ele ouviu pelo menos 500 vezes entre São Paulo e Foz do Iguaçu: “Você foi enganado pelo contrário”. Depois de tanta pegação no pé ele começou a demonstrar sinais claros de “espanação”, ficando cada vez mais confuso com tudo que se dizia pra ele e, então, bla bla bla bla bla…

No decorrer da viagem fizemos uma seção de limpeza nos backing vocals das músicas do novo CD, isso é sempre bom!

Chegamos a Foz com o Nando imitando o Gil Gomes e contando casos envolvendo todos da banda, principalmente quem? O Martinez é claro. O Contrário e o Murphy nos receberam novamente quando retirávamos as bagagens da caçamba da camionete: entre outros, a bolsa do Mello, o baixo, muitas camisetas do Hangar e o teclado estavam ensopados.

Carregamos a van que nos levaria até o outro lado da Ponte da Amizade, em Ciudad Del Este, já no Paraguai. Depois disso, descarregamos tudo, novamente, e carregamos outra van que nos levaria até Assunção. A van era pequena e a gente teve que se misturar aos equipamentos durante as 6 horas finais de viagem que se sucederam, numa temperatura de 40°C.

Entre nossos compromissos em Assunção para este dia, havia uma coletiva de imprensa e uma sessão de autógrafos. Devido ao efeito “cascata” que começou em Recife, infelizmente não chegamos em tempo de realizarmos a coletiva, mas incrivelmente cerca de 50 fans nos esperaram até as 11 da noite (a sessão de autógrafos estava marcada para as 8 e disseram que tinha fã desde o meio dia lá!!!), atendemos a todos assim que chegamos em Assunção, do jeito que estávamos, depois de horas, dias de viagem, sujos, fedidos, descabelados, e ainda assim fomos aplaudidos quando descemos da van, aliás a galera metal do Paraguai está de parabéns pelo respeito que nos trataram.

O dia ainda não havia terminado. Corremos para o hotel para tomar um banho rápido e espalhar os itens ensopados pelos quartos para que secassem. Seguimos então para uma chácara da família Puro Rock Producciones, onde uma grande festa nos esperava, com direito a queima de fogos na nossa chegada, “mariachis” cantando uma música que falava sobre boas vindas aos estrangeiros e, o melhor de tudo, um legítimo churrasco paraguaio!!! Teve também uma partida de futebol, lá pelas 3 da manhã, na qual o Mello e o Nando mostraram tudo que sabem derrotando a equipe local por 3×0. Eu também mostrei como chutar a bola na casa do vizinho. Cerveja, cansaço e futebol: combinação cômica.

Fim da festa, depois de muitas fotos com todos, voltamos para o hotel para uma merecida noite de sono na horizontal, depois de 5 dias “dormindo”

Categoria/Category: Diário

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