Conviction Tour
Postado em 01/09/2008


postado por Nando Mello

Chegou a minha vez de falar sobre a Conviction Tour do Hangar neste ano de 2008. Nos últimos três meses tivemos muitas aventuras e tentarei detalhar cada acontecimento pitoresco ou não que possa ter acontecido conosco. Após o show de Belo Horizonte, onde tivemos a possibilidade de abrir para o Queensryche, uma honra para nós. Caímos na estrada novamente porque na semana seguinte, dia 17/05, estaríamos em São Bernardo do Campo, participando da Virada Cultural do Estado de São Paulo.

A Virada reúne artistas de todas as áreas, em várias cidades ao longo de um único dia, ou seja, 24 horas de entretenimento. Para uma banda de metal, seria uma oportunidade única, visto que é difícil termos espaços assim em eventos públicos. Chegamos ao evento lá pelas 22hs e a TV local já estava nos esperando para uma rápida entrevista. Como o Nando não havia chegado, acabou ficando de fora, mas conseguimos mandar bem em todas as respostas. Logo em seguida começou o show da banda CPM22 com seu rock, digamos comercial, seguidos pela banda carioca, Autoramas. Uma das curiosidades é que o evento foi apresentado pelo Thunder, ex-VJ da MTV, e à medida que nosso equipamento ia entrando e sendo montado no fundo do palco ele anunciava que iríamos “quebrar tudo…”. Exatamente as três da manhã começamos o show sob um frio de cerca de 10 graus e um vento incessante. Assim mesmo o público de aproximadamente cinco mil pessoas ficou até o final. Agradecimentos aos nossos amigos João, Marina, Carol, Van e Leticia que como sempre não poderiam deixar de faltar.

A semana da gravação do DVD havia começado e estávamos todos muito apreensivos. Montamos toda a estrutura que iríamos usar no estúdio do nosso amigo Fábio Veroneze, tudo mesmo: a bateria monstro, os amplificadores, etc… e ensaiamos exaustivamente na parte da tarde que no período da manhã ensaiávamos o repertório acústico no estúdio do Aquiles. Era uma correria. Nesta época estávamos vivendo uma situação de tensão direta, mas nem cabe entrar em detalhes aqui. Enfim foi uma semana de intenso trabalho. Na sexta feira, dia 23 de maio, chegamos ao Centro Cultural e começamos a montar o que viria a ser o cenário do show acústico. Havíamos contratados uns garotos que trabalhavam com artes e cenários, mas acho que eles não entenderam bem o que queríamos e acabamos tendo que usar o pano de fundo que eles montaram, meio estranho. As máscaras pareciam umas “amebas”, como me disse a nossa amiga Priscilla Mamus. Comecei o show bem tranqüilo, o acústico não me mete medo. Claro, eu toco sentado, não tenho que balançar a cabeça e não corro o risco do Martinez pisar no meu pé ou nos meus cabos, como acontece no show elétrico. O mais legal deste dia foi rever a turma toda do blog: Michely, que veio de Fortaleza; a Carol, a Marina, o João, a Vanessa e a Priscilla, que veio de Maringá. Todos ali, compartilhando desde a passagem de som até o final. Acho que fomos bem no acústico e a tensão até que se foi. O único fato a lamentar é que tivemos que deixar duas músicas de fora porque estouramos o tempo de funcionamento do local.

Dia 24 finalmente chegou: a gravação do show normal ou elétrico. Bom, falar sobre este show e gravação não é muito fácil. Tivemos uma semana difícil e a palavra chave foi superação. Chegar ao local, montar tudo, ficar na expectativa da chegada do publico. Tudo envolveu muita emoção. Foi um dia mais que especial onde lembramos de toda a trajetória da banda, dos momentos vividos juntos, das escolhas, expectativas e caminhos que resolvemos seguir. Tudo me lembrou Porto Alegre no inicio da minha entrada na banda. A historia toda contada e revista para chegar naquela “uma hora e meia” de show e pensar que a soma de todos aqueles anos estava ali. Falar em um momento ou outro do show seria injusto. Prefiro lembrar de quando o Nando me apresentou e o Aquiles me chamou no meio dos aplausos e repetiu três vezes segurando a minha mão: “você merece estar aqui”. Foi um momento que a cabeça rodou e lembrei de tudo e todos que sempre nos apoiaram. Não deu pra segurar a emoção de ver as meninas, Marina, Michelle, Carol, Priscilla e Vanessa com os olhos marejados, escondendo as lágrimas que rolavam nos rostos iluminados destas nossas amigas queridas que nos apóiam há tanto tempo. Neste momento também senti que muitas pessoas se identificam conosco, sabem que sonhamos e que o sonho às vezes pode tornar-se realidade, nem que por um só instante. Eu resumo este sentimento em uma única pessoa naquele dia: Marina Dickinson, para sempre a número 1. Imediatamente após o show de sábado, voltei para minha casa em Gravataí, onde fiquei por quatro dias.

Sexta , 29/05, viajei para Ponta Grossa, no Paraná, onde tocamos para um publico muito legal. Na chegada ao hotel encontramos o ator “global” José Abreu, que estava estrelando uma peça na cidade. O cara foi gente finíssima, bateu papo, tirou fotos e inclusive falou que um dos filhos dele toca baixo em uma banda de metal chamada ”Bigorna”, pode? O local do show parecia um galpão com várias mesas de madeira, que aos poucos foram sendo agrupadas para montar um grande palco. O publico não decepcionou e tivemos a companhia de cerca de 350 pessoas para acalentar o frio de seis graus que fazia na cidade. Lá conhecemos a Márcia, super fã da banda. Após o show, ainda na madrugada voltei para casa para descansar mais seis dias.

Dia 05/06 embarquei para São Paulo, onde a van, o trailer e a carga já estavam me esperando para irmos a Uberlândia. Partimos a noite e na saída da cidade o contrário quase nos pegou. Ao ultrapassar um veículo pequeno, o vento forte fez com que o trailer saísse de lado e começasse a balançar, levando a van junto. Foram 10 segundos de terror, pois eu tinha certeza de que capotaríamos. Nosso motorista, Roberto “O Funkeiro”, conseguiu controlar a situação e dominou o carro fazendo com que ele parasse. Depois que o Roberto, “O Funkeiro” voltou a sua cor normal, seguimos viagem. Mas antes firmarmos um pacto de não ultrapassar a velocidade de 80km/h. Chegamos pela manhã em Uberlândia, direto ao hotel, que era praticamente ao lado do local do show. Aqui cabe um parêntese para falar sobre o London, onde tocamos. O lugar é perfeito, um pub com mezaninos e toda a estrutura para um bom show de rock de qualquer vertente. A organização foi impecável. Lá encontramos a Tati Ribeiro, o Nilson, o Zafá Gonzaga e sua namorada Letícia, todos excelentes músicos e amigos, que abriram o show do Hangar com a sua banda Soul Stone. Após o show, que foi um dos melhores, ficamos batendo papo e autografando e tirando fotos com todos até a madrugada. Enquanto o restante do pessoal voltaria a São Paulo no dia seguinte, o Martinez, o Nando e eu fomos para Mococa. Foi a oportunidade que tive para conhecer a pequena e aconchegante cidade e a família do Fábio, que nos recebeu muito bem. No sábado o Nando fez uma participação cantando na banda de covers do Fábio em Mococa. O local abarrotou de gente e o show foi muito legal com vários clássicos de Queen, Deep Purple e outros, enfim aquela velha e boa “gritaria”, no bom sentido é claro. Ficamos na cidade até 12, então pude conhecer tudo, inclusive o cachorro do Fábio, chamado Cordélio. Ele é um Rotweiller com cara de bravo, mas amável. Quer dizer, até certo ponto, pois fui pegar a bicicleta do Fábio para dar uma volta e ele do nada começou a me ameaçar. Imediatamente reagi com toda a minha força e gritei bem alto… “Fááááááábio!”, enquanto largava a bicicleta e saia correndo… Coisas inexplicáveis.

No dia 12/06, a van, o trailer e a carga passaram por Mococa e tomamos o rumo do planalto central do Brasil. Primeira parada: Goiânia. Chegamos ao final no dia e imediatamente fomos descansar. No dia do show, pela manhã, aproveitei para conhecer uma parte do centro da cidade, principalmente as lojas que vendiam camisetas de times de futebol do estado, Goiás e Vila Nova. Quase convenci a vendedora a me dar um desconto de 100%, mas acho que ela sentiu que estava sendo enganada e não fez negócio comigo. Antes e após o show fomos jantar em uma pizzaria, onde fomos atendidos por um garçom chamado Aquiles. Isto mesmo, homônimo do nosso Aquiles Priester. Imagina a confusão e a “pegação de pé” que foi. Coitado, o cara sofreu bastante naquela noite. O show foi muito bom, em um local que parecia um ”planetário”, sim, daqueles que vamos para ver estrelas e pontos da Via Láctea. A produção foi ótima e o show com bastante energia, com destaque para o pessoal de Anápolis, que viajou até Goiânia e agitou bastante.

Saímos apressados para Brasília. Chegando à cidade já dava para perceber que o local era diferente de tudo o que conhecíamos. Para começar os famosos endereços: Asa Sul, Bloco Norte, Seção 44, Distrito 23, Casa 98, Bairro Leste, etc… É claro que nos perdemos e ficamos estacionados em um posto de gasolina até que o produtor nos achasse e dissesse: “pó, é logo ali”. Cara de ?????? Fomos até o hotel na Ala “Hotel” de Brasília e lá ficamos até a hora da passagem de som. Chegamos ao local do show e para nossa surpresa, o palco não era muito apropriado para um show completo e tivemos que deixar os cenários de fora. A galera compareceu e o Nando mandou ver, embora o retorno para a voz não estivesse funcionando e ele soltasse um sonoro “filho da p…” no microfone. Reação do publico: todo mundo gritando “filho da p…”. Foi um show muito bom e encontrei nosso amigo Sombrio, que faz parte do blog APP, que como sempre me fez várias perguntas. No final do show pedimos umas pizzas e ficamos esperando. Uma hora depois, chegou um motoboy com uma sacola e o Aquiles pediu ao Martinez que fosse perguntar para ele de quem eram aquelas pizzas. O Martinez foi até lá e voltou correndo dizendo que as pizzas eram da “banda Valquiria”. Estranhei pois não havia nenhuma “banda Valquiria” tocando no dia. Fomos para o hotel e pedimos outras pizzas. E então descobrimos que a “ Valquiria” era a esposa do nosso contratante e as pizzas que chegaram no local do show eram realmente nossas, ou seja, uma pequena confusão patrocinada pelo nosso querido guitarrista Eduardo, que confundiu o nome da pessoa que pediu as pizzas com uma banda que não existia. Passados dois meses ele ainda sofre com a brincadeira, pois a cada coisa que pedimos para a banda Hangar alguém responde lá do fundo: ”Não… não é do Hangar, é da banda Valquirias” e todo mundo cai na gargalhada. Coisas de Eduardo, ah o velho Martinez… Não pegamos a estrada sem antes parar na frente do Congresso Nacional para tirar uma foto: nós, a van, o trailer e a carga. Mal saímos da van e lá já estava um carro da policia querendo saber o que aquele bando de macacos queria por lá. Alguém respondeu “é só uma foto moço” e saímos de ”fininho” antes que o Contrário aparecesse. Seguimos para São Paulo para prepararmos a jornada da semana seguinte: três shows seguidos em dois estados.

O show de 20/06 em Santo André foi acústico. Chegamos por volta das 15hs e ficamos impressionados com a infra-estrutura do teatro. Fomos recebidos pelo nosso amigo Dino, que imediatamente colocou sua equipe a nossa disposição. Foi à volta do Daniel Santiago e sua percussão. Neste show ele e o Aquiles fizeram um solo de bateria e percussão que deixou todos ligados. O teatro estava lotado e muitos amigos compareceram, como o César, a Marina, o João e a Carol. Desmontamos todo o cenário e imediatamente nós, a van, o trailer e a carga saímos em direção a Maringá. Como sempre fazemos nas viagens, as sessões de DVD são um caso a parte. Alguns gostam de aventura, outros de comédias, outros ainda de ficção cientifica, futurista, mas o Aquiles gosta mesmo é de sangue. Assistimos pela quinta vez o tal de Hannibal (aquele quando ele era jovem, sabe?). Nossa, chega uma hora que não da… Hannibal, Jogos Mortais, Albergues, etc… Estas coisas tem limites. Chegamos a Maringá na parte da manhã e encontramos nossa amiga Priscila Mamus, além do Lui e do Caverna, bateristas da cidade. Fomos para o hotel descansar e a noite seria o show. Não sei o que aconteceu com o Juninho (nosso contratante), gente fina, mas simplesmente não divulgou muito o show. A casa estava quase lotada. Nossa amiguinha Kelly estava lá com o namorado. Ela tem 15 anos e é apaixonada pelo Hangar, ficou tirando fotos o tempo todo. De qualquer maneira o som estava ótimo e todos saíram felizes. Pela manha saímos em direção a Curitiba, onde faríamos uma apresentação acústica em um bar chamado… Hangar. Legal, Hangar no Hangar. Fomos direto ao hotel e logo em seguida ao local do show, onde passamos som 30 minutos antes da apresentação. Curitiba dispensa comentários. Nossos grandes amigos sempre aparecem, a Lexus, a Luma estavam lá marcando presença e cantando todas as músicas. Saímos com a promessa de voltar a Curitiba no mês de setembro, quem sabe, seria a quinta vez este ano. Para nós seria motivo de muita alegria. Após o show fui direto para Porto Alegre e para casa.

Dia 28/06 rumei para Florianópolis, onde a banda, a van, o trailer e a carga estavam me esperando. Ainda na Rodoviária encontrei a nossa amiga Carol, que havia marcado uma entrevista para quatro sites e jornais locais. Ela levou o Martinez e eu até o local do show. Chegamos e a estrutura já estava montada, ótimo trabalho do Pepe (Gepeto, Vovô, Velho Maldito) e do Rodrigo (Bussano, Ave do Mau Agouro, Corvo Maldito), que ficam mais eficazes a cada dia que passa. O local era uma especie de danceteria gaúcha e me senti muito bem com todos aqueles símbolos conhecidos. O palco era bem alto e o som de primeira. Palmas para a produção do nosso amigo Fabiano, da Rock Produções, que planejou tudo muito bem. No final do show o Aquiles chamou-o ao palco e deu um prato de presente para ele, que ficou muito emocionado e fez um pequeno discurso enaltecendo o profissionalismo da banda. Foi um show com H maiúsculo. Imediatamente voltei para casa, pois nosso próximo show seria no Rio de Janeiro somente no dia 13 de julho.

Dia 08 de julho o Aquiles veio para Porto Alegre de carro para visitar seus parentes e no dia 09 o Martinez e eu aproveitamos a carona e começamos nossa viagem para São Paulo. No mesmo dia, passamos em Criciúma, onde gravei uma musica para o CD instrumental do guitarrista Adair Daunfenbach. Foi uma experiência interessante, o Aquiles gravou a bateria de uma música e eu o baixo para outra musica. O Adair é um guitarrista sensacional e com certeza vamos ouvir falar bastante dele nos próximos anos. Seguindo viagem, dormimos em Curitiba e dia 10 chegamos a São Paulo.

Dia 11 seguimos, nós, a van, o trailer e a carga, para o Rio de Janeiro. Chegamos à noite e o pessoal da produção já nos esperava com o Emilson e o Adam. Um dia antes do show aconteceu o workshop do Aquiles no SESC Madureira. Eu nunca havia ido ao Rio então aproveitei para conhecer ou avistar todos aqueles lugares que se tornam mitológicos nos meios de comunicação de massa: Madureira, Olaria, Praia do Flamengo, Bangu, Meyer, Tijuca, etc… Sim, eles existem não somente nas novelas, assim como a violência. Em todos os lugares que íamos as pessoas nos avisavam: o que você viu e vê na televisão existe. Sair do hotel nem pensar, embora o Martinez e eu tenhamos ido à praia do Flamengo para avistar o Pão de Açúcar de verdade, não o supermercado. Logo que chegamos à praia começou a chover e tivemos que voltar. Já no sábado durante o workshop encontramos nossos fervorosos amigos cariocas, Jorge Augusto, Joice, Bárbara, Suuh e vários outros que chegaram já com a camiseta do Hangar. Após a janta descansamos, porque domingo era dia de show, Dia Internacional do Rock.

Chegamos ao Sport Clube Mackenzie por volta das 17hs. O pessoal já estava chegando e o movimento era grande. Não havíamos imprimido o set list e, como era domingo, seria mais difícil achar uma lan house. Fui até a porta do clube e encontrei a fila, onde a Mônica e a Luana me ajudaram indicando um provável lugar onde conseguiria uma impressora. Elas eram fans da banda e ficaram surpresas quando me viram saindo correndo do local. Ainda deu tempo para uma foto. Após o show das bandas de abertura, muito boas por sinal, nos preparamos para subir no palco. A Vera Kikuti, nossa produtora, nos acompanhou nesta viagem, então tudo funcionou perfeitamente. Realmente o Rio estava esperando um show do Hangar. Tem um vídeo da banda tocando The Reason of Your Conviction na internet que mostra as pessoas, quase todas, com munhequeiras do “H”. Alias estas munhequeiras foram um sucesso. Durante o show o Aquiles chamou o Jorge Augusto ao palco e o agradeceu em nome da banda pelo esforço que ele fez para que o Hangar fosse ao Rio. O garoto estava emocionado. Depois do show saímos apreensivos, pois já era tarde e a volta a São Paulo dependia de uma passada pela Linha Vermelha na saída do Rio de Janeiro. Nossos guias indicaram um caminho melhor e conseguimos sair pela Linha Amarela com toda a tranqüilidade, lembrando dos bons momentos do show e de nossas antigas e novas amizades feitas na cidade maravilhosa.

Voltamos para São Paulo no dia 14 e o Aquiles foi direto para Araraquara fazer um masterclass. O Martinez e eu ficamos em São Paulo e tratamos de ir até o nosso tatuador, o Gilvânio, da Joker Tattoo, onde marcamos nossa pele com os “H” de Hangar. O Martinez fez no pulso, em verde e pequeno. Eu fiz no braço direito, um pouco maior e em preto. É, realmente tatuar dói, mas depois a gente esquece e quer fazer outra. Nunca ninguém me perguntou se eu tinha duvida sobre esta tatuagem, e eu realmente não tenho. o “H” já faz parte.

Dia 17 de julho foi dia do Anime Friends. Para quem não conhece, este evento acontece anualmente em São Paulo e reúne os admiradores de Animes, Mangas e HQ japoneses. Andar pelo espaço da feira é uma aventura. Os otakus (participantes) interagem com seus cosplay (fantasias) de super heróis, pokemons, narutos e diversos tipos de personagens. Nesta área eu dei uma furada grande ao perguntar, ”hey, onde estão os Cavaleiros do Zodíaco?” e fui prontamente fuzilado “eles já eram…”. Tipo assim, acho que realmente estou ficando velho demais pra esta brincadeira. Tudo bem, fazer o quê? Nos palco os shows eram sempre de J-Music ou J-Rock, música de desenho animado japonês. As performances eram irrepreensíveis. Bom, vamos ao Hangar. Antes do show tivemos uma grande sessão de autógrafos, patrocinada pelo Consulado do Rock, nossa parceira. Ficamos cerca de uma hora atendendo a todos os que passavam e queriam autógrafos ou fotos. A estrutura e a qualidade de palco e luz eram gigantescas. Acho ate que foi um dos melhores sons da tour. Os organizadores nos surpreenderam ao colocarem no fundo do palco o nome Hangar no telão com a mesma fonte que usamos que, digamos de passagem, não é fácil de achar. Foi um espetáculo visual muito interessante. Como sempre nossos amigos compareceram em massa, com grande quantidade de pessoas vestindo a camiseta da banda, o que fez a noite ficar mais especial. Abraço mais que especial a Van, ao João, a Carol, a Marina, a Letícia e ao César. Chegamos em casa cedo e tratamos de descansar para a mais nova aventura.

Antes de embarcar para o Nordeste, tratamos de verificar a edição do nosso DVD. Posso adiantar que as imagens e som estão excelentes. Também mandamos para a fábrica a nova edição do Last Time, com direito a um DVD-história da banda, de 1997 a 2005.

Nosso próximo show seria em Natal, o que fez com que ficássemos todos muito apreensivos. Viajar três mil quilômetros, com a van, o trailer, a carga e nós não seria nada fácil. Calculamos 50 horas de viagem e, como sempre erramos: foram 55 horas. Saímos de São Paulo na tarde-noite do dia 22 e seguimos rumo ao interior de São Paulo, depois Minas Gerais (Três Corações, Belo Horizonte, Ipatinga, Governador Valadares, Teotônio Otoni, etc), Bahia (Vitória da Conquista, Jequié, Feira de Santana, Alagoinhas), Sergipe (Aracaju), Alagoas (Maceió), Pernambuco (Recife), Paraíba (João Pessoa) e finalmente Rio Grande do Norte (Natal!). Infindável asfalto, passando pelo Brasil verdadeiro, de vastidão, distância, riquezas e pobrezas incalculáveis. Estas viagens fazem parte de um saber que não há preço. Pessoas diferentes do nosso cotidiano, lugares que agora já não são mais estranhos. Para descontrair, nosso parceiro DVD estava ali toda hora, amigo, reproduzindo o que quer que fosse, qualquer tipo de filme, qualquer mesmo… Deixa pra lá… Chegamos a Natal e fomos recepcionados pelo nosso amigo Delano. A produção em Natal foi especial, lugares excelentes, praia, etc. Ficamos apaixonados pela cidade. Na manhã do dia seguinte quando preparávamos para ir à praia do hotel, isto mesmo no hotel havia praia e piscina. Olhei pela janela e vi… sol? Claro que não, uma chuva torrencial sobre Natal. Fazer o quê?… Fomos a uma rádio e a uma televisão para uma entrevista. Na rádio foi uma festa, com direito a música, etc. Na televisão um fato curioso, junto com o Hangar iria ao ar uma banda de eletro rock que eu não lembro o nome. Chegamos ao local e os integrantes desta banda estavam bem eufóricos, era uma banda meio que, “eletro rock”, digamos que os meninos eram bem “alegres” no melhor sentido da palavra. Foi uma situação bem pitoresca ver o Martinez e o Aquiles, muito sutis, irem ao ar junto aos três integrantes um pouco mais “leves” desta banda. Eu ri muito com a cara de “estranho” que eles fizeram… Voltamos ao hotel onde encontramos nossa amiga e braço direito do Psycho Blog do Aquiles, a Srta. Michely Sobral, que veio direto de Fortaleza para assistir aos shows de Natal e Recife. A Michely estava bem humorada e nos divertimos bastante falando sobre o blog e o pessoal que freqüenta o mesmo. Nossos amigos queridos. Durante o dia recebemos a grande noticia do nascimento da filha do nosso querido Fábio Laguna. Foi legal ver o Fábio tão nervoso e contente ao mesmo tempo. Parabéns a ele e a família Laguna. A noite chegou e fomos para o show com a equipe e os produtores locais. O som estava ótimo e cerca de 500 pessoas compareceram ao local. No final o Aquiles chamou o Delano ao palco que foi ovacionado por toda a platéia. Saímos de Natal na manhã do dia seguinte em direção a Recife. A Michely aproveitou a carona e foi junto, dentro da van, lógico. Eu tive que sentar em cima de uma sacola de camisetas e curtir a viagem de 5 horas.

Recife é um caso a parte. Já seria a nossa quarta apresentação na capital pernambucana, que sempre nos recebe muito bem. Chegamos por volta das 14hs. A Joanna Litiel já estava esperando a Michely e as duas foram passear na cidade enquanto nos retirávamos para um bom descanso no hotel. À noite saímos direto para o local do show, o Armazém 14, onde tocaríamos e sairíamos direto para Salvador. Mais uma vez o Armazém foi liberado somente as 21hr o que fez com que tivéssemos que montar nosso palco em um tempo recorde de duas horas. Demos um tempo e à meia noite começamos a tocar. O público respondeu bem a pouca divulgação e compareceu em número razoável. O mais importante foi que apoiou a banda e cantou todas as músicas. Encontramos velhos amigos como o Júnior, que foi a todos os shows da banda na cidade. Depois dos autógrafos começamos a desmontar o palco e lá pelas quatro da manhã nos despedimos da Michely e da Joanna e embarcamos rumo a Salvador.

Para chegar a Salvador seriam 12hs de viagem. Nosso show estava marcado para as 19hs e já sabíamos que não iria dar tempo. Todos dormindo na viagem… A Policia Rodoviária baiana nos parou três vezes seguidas na mesma rodovia. Domingo à tarde o pessoal estava preocupado com a segurança no trânsito. Chegamos ao local do show às 18hs, exatamente uma hora antes do horário marcado para o inicio do show, ou seja, seria impossível começarmos no horário. Para completar, o palco era no segundo piso da casa e no primeiro estava rolando uma festa hip hop. Além disso, na rua já se aglomeravam cerca de 300 fans que já haviam comprado ingresso para assistir a banda. Descemos ali mesmo e com a ajuda da produção começamos a carregar tudo dois andares acima, passando pelos fans e pela festa hip hop. Começamos o show exatamente às 21hs, depois de passar o som às pressas. Talvez pelo cansaço ou pela pressa e adrenalina conseguimos realizar uma apresentação muito boa e, para nossa surpresa, a maioria do pessoal já conhecia as nossas músicas e cantou junto à noite toda. Vale lembrar que encontrei nossa amiga Gracielle, que havia ganhado uma credencial para acompanhar a passagem de som conosco. Depois dos autógrafos, me apressei, pois o Aquiles viajaria de volta a São Paulo de avião, já que no mesmo dia ele estaria embarcando para o Wacken, na Alemanha. O vôo sairia a uma da manhã e fui levá-lo ao aeroporto de Salvador na companhia de dois produtores locais e da Cielle. Despedimos-nos, desejando boa sorte na Alemanha e voltamos para o local do show onde o pessoal já estava terminando a carga. Despedi-me do pessoal, da Cielle e fomos direto ao hotel, onde pudemos descansar até a manhã seguinte e recobrar as energias para a longa volta para São Paulo, afinal seriam mais dois mil quilômetros de estrada.

Depois de tomar café saímos, nós, a van, o trailer e a carga em direção a São Paulo. Logo depois de Feira de Santana, ainda na Bahia, fomos parados pela Policia Rodoviária que nos apontou um problema em um dos pneus do trailer. Imediatamente pensei no “Contrário”, mas depois que desci, constatei que o mesmo estava a nosso favor e não contra. Um dos rolamentos da roda traseira esquerda esfarelou e a ela quase caiu, fazendo com que o eixo entortasse. Tivemos que voltar à cidade de Feira de Santana para conseguir alguém que fizesse o reparo, além de ter que comprar um pneu novo. Já era por volta do meio dia. Achamos um mecânico chamado Leandro, que era de Santo André, São Paulo, e nos ajudou muito. O serviço terminou às 21h, ou seja, 11 horas além do previsto para a nossa saída. Tudo bem, poderia ter sido bem pior e entendi que aquele policial rodoviário fez um bem á todos nós, a van, ao trailer e a carga. Saímos finalmente em direção ao interior da Bahia, quilômetros intermináveis passando por cidades que somente conhecemos pelos romancistas baianos ou pelos mapas rodoviários: Vitória da Conquista, Jequié… Até chegar ao interior de Minas Gerais, onde tivemos tempo para assistir a trilogia inteira de “O Senhor dos Anéis”. O Fábio, sua mala e seus equipamentos, saltaram da van no meio do caminho e da noite, em um posto de gasolina na rodovia Fernão Dias. Ele não suportava mais ficar na van e não via a hora de chegar em casa para ver a filha que havia nascido há quatro dias. Tentou a sorte e parece que conseguiu chegar algumas horas mais cedo em casa.

Finalmente chegamos em São Paulo no final da madrugada de quarta-feira. Desengatamos o trailer da van mais precisamente às 04h30min. O Martinez e eu ainda esperamos na Rodoviária até o meio dia e finalmente chegamos a Porto Alegre às 7hs da manhã de quinta feira! Viajar de segunda até quinta-feira por terra não é nada fácil não…

Este foi um resumo de nossa aventura. Gostaria de terminar falando que ao longo destes oito meses, com um intervalo de dois meses no verão, fizemos 37 apresentações em 12 estados, além de passar pelo Distrito Federal e pelo Paraguai. Visitamos 23 cidades, tocando para um público estimado em 25 mil pessoas e percorremos mais de 32 mil quilômetros pelas nossas estradas. Conhecemos pessoas que ficarão para sempre em nossas memórias e conseguimos firmar o nome de nossa banda para o público de metal, que tanto prezamos.

Na poderia deixar de agradecer a todos que participaram junto conosco, ao Daniel “Pepe, Velho Maldito” Fernandes, nosso técnico de som, pessoa importante e um amigo pra toda hora; ao Rodrigo “Bussano, Pássaro Maldito” Fantoni, que faz parte desta família, profissional ao extremo; ao Beto “Buba”, nosso homem de vendas, à Vera Kikuti, que cuida de nossa agenda; ao nosso webmaster-mor Gustavo Sazes, sempre pronto a nos atender; e especialmente às nossas famílias, pelo carinho e compreensão acima de tudo.

Marcar o nome Hangar na historia do metal brasileiro era uma das nossas metas, mas nunca imaginamos que seria tão rápido. Agradecemos a todos que compareceram aos nossos shows, aos organizadores e aos amigos que em cada cidade nos receberam tão bem. Terminamos apenas a primeira parte, mas a estrada já nos chama. Vem ai o DVD e muitas outras histórias a serem contadas, afinal, is just the beginning…

Nando Mello

Categoria/Category: Diário

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