Tudo de novo, mas tudo NOVO!!!
Postado em 25/05/2010


postado por Hangar

Tudo começa em… Hummm… Mas, de novo esse papo?! É só o começo? Sssssim! Desde a última aparição do Hangar, em dezembro do ano passado, estivemos concentrados na pré-produção da turnê de divulgação do nosso último disco, o Infallible. Resumindo a longa jornada que será relatada abaixo, contaremos tudo o que antecede uma turnê com uma estrutura relativamente monstruosa de 16.200 quilos e tudo o que está diretamente ligado a isso… coisas como burocracias em geral, logística, teste do equipamento, treinamento de equipe, manutenção, limpeza…. E, claro, no final, temos que ser músicos também, estudar, ensaiar por horas para estarmos prontos física e psicologicamente para o nosso momento mais esperado: o show.

Fábio

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Enquanto isso em Gravataí…100 dias de correria….

Bom galera, depois do nosso último show em 2009, no SESC Pompéia, viajamos todos para Gravataí. Nossa tarefa seria ir até a cidade de Estrela, onde estava o ônibus do Hangar, e levá-lo até Porto Alegre para uma sessão de fotos, uma entrevista para o jornal Zero Hora, na RBS, e por fim uma passada na empresa Selenium, onde apresentaríamos a reforma do busão aos executivos da empresa. Consegui um motora vizinho (Carlos) que poderia fazer este trajeto conosco. Como era um dia especial, nos vestimos a caráter em um dia de calor infernal. Na saída, já o primeiro problema: o ar condicionado funcionou somente nos primeiros 30 kms. Os outros 100 foram feitos tipo “saúna”. Lá estava o “Contrário” novamente atacando. Achamos um defeito no sistema de ar chamado “Rodo ar”, que alimenta os pneus, os freios, a suspensão, etc. Tivemos que parar e por pouco não perdemos a passagem para a sessão de fotos na Selenium. Conseguimos chegar exatamente no horário e fomos bem recebidos pelo Fábio Floriani, o Richard Powell, o Rodrigo Kniest e todo o staff da empresa. Todos contentes com o resultado da “transformação” do ônibus, que agora estampa os logos da Maverick, marca de amplificadores do grupo Selenium. Após estes compromissos os colegas de banda foram embora e eu e o meu vizinho motorista fomos até Estrela, entregar novamente o ônibus para os reparos faltantes. Descobrimos que o adesivo da traseira havia sido colado errado, com os logos tortos. Faltava o H na parte superior do “bus”, o ar estava capenga e ainda estávamos com a documentação incompleta.

Chegamos ao Natal e o Aquiles e família foram para Porto Alegre e tivemos como nos reunir em um grande churrasco na minha casa, acompanhados por amigos como o Rafa Dias, do Batera Store. Passado o final de ano, a empresa que estava reformando no ônibus entrou em recesso ate o dia 05, data em que colocamos a noticia e as fotos no nosso site. Na nossa cabeça o ônibus deveria estar pronto até o inicio de fevereiro, já que iriamos fazer um “test drive” do nosso equipamento durante o carnaval na cidade de São José do Rio Pardo, perto de Mococa, em São Paulo. Comecei a correr atrás do que faltava. Novas impressões das artes que estavam erradas, ar condicionado e a documentação, além dos equipamentos que a Selenium iria nos fornecer e que não estavam prontos. No dia 08 de janeiro mais uma vez fui à cidade de Estrela. O pessoal tinha feito uma nova entrada de ar para o exaustor do ar condicionado, o que supostamente iria fazê-lo resfriar mais ainda e manter a temperatura baixa na parte de cima do ônibus. Parecia que iria dar certo (mais tarde viria saber que não daria certo, mas isso vem depois…). Levei o ônibus até outra empresa em Estrela para cuidar das partes de freios, direção, rodo ar e lâmpadas que não estavam funcionando. Enquanto faziam a manutenção que duraria uma semana, marquei a primeira vistoria no DETRAN e no Inmetro, para fazer a transferência da papelada normalmente. Na outra semana, dia 15, fui novamente a Estrela e trouxe o ônibus até Porto Alegre para a vistoria no DETRAN. O Martinez acompanhou a mesma e para nossa surpresa descobrimos que o ônibus estava com dois lugares a menos do que o permitido, o motor estava irregular pela falta de uma placa de identificação e por fim uma das portas do maleiro caiu devido ao desgaste da borracha que a prendia. Lá fui eu novamente para Estrela levar o “bus”. Meu prazo já estava esgotando e ainda faltavam muitas tarefas. Percorri quatro cidades e empresas atrás de mais duas poltronas, porém não havia disponíveis.

O pessoal de Estrela cuidou de colocar a porta do maleiro no lugar e finalmente conseguiu duas poltronas simples e velhas para completar o número que precisávamos para que o DETRAN e o Inmetro aprovassem. Estávamos na ultima semana de janeiro e a substituição do adesivo da traseira ainda não havia sido feita. Finalmente localizei o funcionário da empresa e no último dia foi feita a alteração. Enquanto isso o Fábio em Mococa conseguiu um motorista para conduzir o ônibus de Estrela no Rio Grande do Sul até Mococa, em São Paulo. Chegou a primeira semana de fevereiro e finalmente achei que estava tudo ok. Liguei para o despachante. Compramos a passagem para o motorista vir de Mococa e, quando ele chegou, fomos até Estrela e paramos na Selenium para colocar os equipamentos pendentes no ônibus e seguir viagem. Chegando lá a grande surpresa, não poderíamos viajar, pois o ônibus teria que passar por mais uma vistoria no DETRAN e Inmetro e também porque o motor do mesmo pertencia a outro ônibus! Havia sido trocado! Precisávamos de um documento comprobatório desta troca emitido pelo fabricante. Meu Deus, o Contrário já estava lá, agora o Murphy… quem mais iria aparecer? Perdemos o investimento no motorista e o mandamos embora. Tivemos que fazer o test drive do equipamento usando um caminhão alugado para o transporte. Além de pagar as passagens pro motora não levar o ônibus até Mococa, tivemos que pagar o frete para transportar tudo. Prejuízo de, no mínimo, 2 mil reais… Deixei o ônibus estacionado no pátio da Selenium e entrei em contato com a Viação Cometa (proprietária original do ônibus). Expliquei a situação e eles prontamente entenderam e falaram que em DUAS semanas estaria tudo resolvido. Vinte dias depois recebi em casa a correspondência assinada pela Viação Cometa, se responsabilizando pela troca dos motores do ônibus. Finalmente consegui marcar a vistoria final. Deu tudo certo e agora só faltava a emissão do documento com a transferência completa.

O tempo passou e o pessoal da Selenium precisou usar o espaço na empresa e tive que tirar o ônibus de lá. Novamente meu vizinho e motorista, Carlos, ajudou e conseguiu uma garagem perto de casa onde deixamos o ônibus em segurança. É uma empresa de viagens que por coincidência tem um ônibus igual ao nosso, assim pude ter várias dicas de funcionamento do mesmo. Aproveitei para colocar as fechaduras nos maleiros e adivinhem… mais uma porta caiu. Tive que descobrir onde vendiam a borracha para colocar a porta no lugar e passamos dois dias tentando sem sucesso arrumá-la. Finalmente consegui uma empresa especializada que cuidou do assunto… Mais dez dias se passaram e finalmente o documento chegou. Nosso primeiro show estava marcado para o dia 01 de abril, sim o dia da mentira… então marcamos a nossa primeira viagem de Gravataí até Mococa, onde estava nosso equipamento, para o dia 23 de março. Mais uma vez o Fábio conseguiu um “brother” chamado “Lenoir” para dirigir. O Aquiles e o Lenoir chegaram em Porto Alegre no dia 22 de março e no dia 23 pela manhã zarpamos de Gravataí, às sete da manhã. Começava uma nova etapa para a banda. Pela primeira vez o ônibus do Hangar estava em uma missão. Eu realmente estava muito ansioso, tentando controlar tudo, já que não sabia o que esperar. Quantos quilômetros seriam por dia? Qual seria o consumo? Etc, etc… Fizemos a viagem em duas etapas, no primeiro dia foram 770 kms até Curitiba, onde dormimos e no segundo dia mais 580 kms até Mococa.

Durante a viagem tivemos mais uma vez a baixa do ar condicionado, que parou novamente de funcionar, agora acompanhado pelo gerador. Nada mais normal… Chegamos a Mococa no dia 25 onde começamos a pré-produção da turnê… Bom, a partir daí aconteceu de tudo, explanações, desistências, gritarias, mais Murphy, mais Contrário… Mas quem pode contar mais um pouco sobre esta parte é o Aquiles.

Mello

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Enquanto isso, em Mococa…

Em janeiro programamos um teste de campo para o nosso novo equipamento. Durante o feriado do Carnaval, disponibilizaríamos nosso sistema de sonorização para a realização de 7 apresentações ao ar-livre, para aproximadamente 2000 pessoas. Ou seja, nossos queridos equipamentos passariam pela maior prova de resistência que poderiam suportar. Assim, no final de janeiro, os últimos itens que faltavam em nosso sistema chegaram à casa dos meus pais, onde havia um espaço maior para armazenamento.

Como eu iria trabalhar durante o Carnaval, o Martinez e o PP foram para São José do Rio Pardo, a cidade onde foi realizado o teste do equipo.

Fábio

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Enquanto isso em São José do Rio Pardo…

Depois que tudo foi transferido de Mococa para São José do Rio Pardo, iniciamos a montagem do sistema na quinta-feira que antecedeu o feriado do Carnaval. Dessa forma tivemos tempo suficiente para cuidar dos últimos detalhes. Por exemplo, não havia extensões para ligar as 8 colunas do PA Ciclotron e todos os monitores

Selenium no palco. Ou seja, passamos algumas horas cortando cabos e parafusando as extensões que levariam energia a todo equipamento. Também havíamos deixado pra última hora (como todo bom brasileiro que se preze) um detalhe muito importante: a compra de lonas para cobrir os equipamentos em caso de chuva… Dessa vez conseguimos ser mais rápidos do que nosso velho amigo Murphy… Assim que as lonas chegaram ao local das apresentações e foram estrategicamente espalhadas sobre os equipamentos, a primeira tempestade chegou com força! E passou sem deixar estragos…

Fábio

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A operação carnaval foi uma carga e tanto. Estivemos todos os dias do reinado de momo eu e Daniel PP das 11 da manhã até 5 da manhã em função da passagem de som e monitoração dos equipamentos. Nada como ser dono da própria vida nessas horas era o que eu pensava enquanto dobrava uma das 5 lonas de 6×5 metros no sol do meio dia a beira da piscina e em frente ao palco. As pessoas que realmente vivem o metal 24 horas 365 dias por ano podem conviver e entender a gente. Feriado, festinha, matal, aniversário… Músico de verdade não tem esses luxos. Mais do que músico, somos donos do nosso próprio negócio, da própria vida. Isso compensa tudo. A operação toda acabou com poucas baixas e pudemos constatar o poder da nossa estrutura. Agora só restava fazer caber tudo no ônibus. E a filosofia para tanto seria: “se cabe, leva!”. Foi assim que chegamos as 4 toneladas e uma advertência na balança da rodovia…
Martinez

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Enquanto isso, na Selva Amazônica…

Após o show de Dezembro no SESC Pompéia, voltei para casa, para rever a família e comemorar as festas de final de ano. Enfim, que venha 2010! Pensei… Ufa que alegria de comemorar a chegada do ano em que farei a minha primeira tour com o HANGAR! Estava tudo bem, até que no dia 2 de Janeiro, enquanto jogava futebol na quadra com meus filhos, pisei em falso torcendo o joelho e… Isso mesmo, fudi o joelho! Dor *@**&¨%!!! Fui ao hospital e o médico falou pra mim: “você machucou o menisco e só o tempo dirá se você precisa ou não fazer uma cirurgia”. O FDP ainda manda me aplicar uma injeção de voltaren e outra de dipirona, mesmo eu tendo falado que era alérgico ao AAS (ácido acetil salicílico), presente em 90% dos analgésicos. Voltei pra casa sem andar, sem mexer a perna, com o joelho travado MESMO e, logo em seguida com os olhos muito inchados por causa da reação alérgica aos medicamentos que tomei no hospital. PARABÉNS!!!

Passei 3 dias com os olhos inchados, mas, isso é o de menos, pois o joelho continuava muito ruim, muito inchado e travado pelos próximos 25 dias. Isso mesmo, eu não conseguia sequer mexer a perna, mesmo passando o dia inteiro com bolsa de gelo, usando pomadas, sprays diversos, tomando os mais variados chás caseiros pra ajudar na desinflamação do menisco, pois não posso tomar nenhum anti-inflamatório devido a maldita alergia aos compostos químicos presentes na formula de todos eles.

Era terrível pra tomar banho, dormir e tudo o mais que vocês possam imaginar! Passados mais ou menos 27 dias o joelho começou a desinchar e eu me aventurei a mover a perna, onde dia após dia com a ajuda da minha amiga muleta, consegui dar os primeiros passos, agarrando nas coisas como uma criança aprendendo a andar, porém com uma diferença… Eu morria de medo da dor na perna, que ao menor esforço era insuportável ainda. Eu estava entrando em parafuso, pois achava que talvez não andasse mais e ao mesmo tempo a data de viajar para a tour estava próxima. Estava muito tenso com isso, porque não queria de maneira alguma ter que adiar os compromissos com a banda.

Com a melhora repentina do meu joelho, comecei a literalmente dar alguns passos, porém bem curtos, pois não tinha mais firmeza alguma na perna devido a lesão e pelo tempo sem movimentá-la. Com isso, só conseguia ficar de pé com a ajuda da muleta ou simplesmente numa perna só, como um “saci”, rsrsrsr!

Mais alguns dias de angústia e dor, comecei a caminhar sem a companheira e iniciei uma nova amizade com aquela que não falava nada, mas, que corria junto comigo… A esteira!!! Sempre à minha disposição em qualquer horário que eu precisasse dela, sem cobrar nada, aguentando pisadas cada vez mais fortes, sem nunca ter reclamado disso. Mais algumas semanas e aqueles quilinhos que havia ganho devido ao meu forçado “descanso”, sumiram graças a minha grande e agora inseparável amiga esteira.

Logo em seguida, enquanto meus companheiros de banda resolviam uma infinidade de problemas com o nosso ônibus, equipamento e tudo o mais, eu me preparava psicológica e fisicamente para nossa tour, sendo a minha primeira com o HANGAR. A ansiedade tomava conta de mim a cada dia que passava, pois eu tinha a certeza que iria ter de encarar um repertório insano, repleto de músicas cheias de drives, notas altas, etc.

Os vizinhos devem ter ficado loucos de ouvirem tantos gritos ecoando em suas casas, hahahaha….Sim, isso é verdade! Eu passava algumas horas por dia “gritando” (cantando) as músicas que provavelmente fariam parte do set list.

Humberto

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Enquanto isso na Europa…

Bom, como todos sabem, fui convidado a tocar numa tour européia com o guitarrista Vinnie Moore e para minha felicidade, tudo aconteceu em boa hora, quando o Hangar não estaria em atividades… Tocar com o Vinnie foi um aprendizado e tanto, depois de tanto tempo, tive a chance te experimentar a sensação de ser side man outra vez. Na verdade foi bem diferente do que eu imaginava, pois ele sempre deixava sua banda decidir junto como faríamos com relação à agenda e tudo mais…

No entanto, minha cabeça também estava no Hangar, pois toda a parte burocrática do ônibus ficou com o Mello e enquanto estava em SP eu acompanhava à distância…. O Mello sofreu bastante, pois cada semana aparecia algo novo que precisava ser feito para que a documentação estivesse ok.

Estávamos em contato o tempo todo e muitas vezes enquanto eu ainda estava na Europa, marcávamos encontros pelo MSN para tomar decisões sobre essas coisas…

Muitos assuntos foram resolvidos dessa forma, pois eram coisas que não poderiam esperar… Inclusive, muita coisa da reforma do ônibus teve que ser refeita e isso gerou muito estresse para a banda… Nas primeiras viagens, tivemos problemas acentuados com o ar condicionado e tivemos que viajar sem ar por alguns trechos… A vazão de ar refrigerado no compartimento onde fica o compressor do ar era insuficiente… Levamos em várias pessoas até que a própria banda conversou e chegou numa conclusão depois de viajar 1400 km para voltar de Mococa/SP para Porto Alegre/RS… Foi uma estréia muito dura…

Aquiles

Categoria/Category: Diário

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