postado por Fábio Laguna
Tanta coisa tem acontecido com o Hangar nos últimos meses que deixar para escrever um diário “com atraso” é um sério risco de esquecer detalhes. Mesmo assim, tentarei deixar os meus neurônios a todo vapor nesse momento para que esse diário seja o mais fiel possível aos acontecimentos mais importantes das nossas andanças pelo mês de junho.
Depois da turnê de maio pelo sul e interior de São Paulo, a banda tirou alguns dias de folga para recarregar as baterias. E a maratona coletiva de junho começou com um ensaio em São Paulo antes do nosso primeiro evento, no SESC Santo André. Antes disso o Infallibus precisou de alguns reparos na turbina e no sistema de freios. Então nos meus dias de folga também fiquei bastante envolvido com o mundo do diesel. Como o nosso ônibus tem ficado na minha cidade, eu tenho feito aulas intensivas da mecânica pesada, rsrs.
No dia 11, um pouco antes do meio dia, banda e equipe no busão, seguimos para o SESC Santo André para iniciar a montagem do nosso equipamento. Nós tínhamos consciência que esse seria o show mais tranqüilo da turnê porque o SESC oferece excelentes condições para os eventos que realizam. Nós nem precisamos descarregar os itens mais pesados do nosso equipamento, que são o PA, a mesa de som, os monitores e os tão temidos praticáveis de bateria. O SESC Santo André sempre nos proporcionou momentos inesquecíveis e esse show não foi diferente. Casa cheia, público extremamente receptivo. Um excelente começo de turnê.
Após o show, todos aproveitaram as instalações do SESC para tomar banho já que pegaríamos a estrada com destino, novamente, ao sul, mais especificamente para Florianópolis. E aqui aproveito parar dividir com vocês uma estatística curiosa. Até a presente data, realizamos 8 shows em Santa Catarina! Por isso gostaria muito de agradecer em nome do Hangar a este estado por estar nos recebendo tão bem.
O show de Florianópolis contou com a participação ilustre da banda Brasil Papaya. Em uma palavra: impressionante. Os caras mandaram um repertório instrumental de primeiríssima qualidade. Logo em seguida o Hangar entrou no palco para mais uma batalha da Infallible Tour. Novamente, saímos do palco com a sensação de dever cumprido. Masssssss, como o que mais interessa em um diário são as trapalhadas ou zebras da estrada, eis agora a presepada do dia… O técnico de guitarra, Bruno, estava fazendo aniversário nessa data e resolvemos “homenageá-lo”, atirando-o “delicadamente” do palco no final do show… A primeira tentativa da banda em cumprir a tarefa não teve sucesso. Daí o Bruno pegou um microfone e disse “precisa de oito de vocês para me derrubar daqui!”… Isso fez com que a banda fosse pra cima dele de novo, dessa vez, realmente, nada delicadamente… Eu o puxei para a borda do palco enquanto o resto da banda o empurrava. Conclusão: tropecei no monitor e cai do palco, com o Bruno em cima de mim… Até aí, tudo bem… Mas naquele instante, enquanto o Bruno perguntava “ta tudo bem com você?”, não tive nem tempo de responder “Sim!” porque o monitor que eu havia tropeçado caiu do palco bem em cima do meu tornozelo… Minha vontade era de chorar, mas ainda consegui subir no palco mancando e agradecer ao público… Entrei no camarim e cai no chão, com muita dor… Meu tornozelo abriu… Deitei no chão por alguns minutos, pra fazer os primeiros socorros: muito gelo e um gole considerável em um vinho… Naquele momento percebi que os próximos dias na estrada seriam difíceis e que no dia seguinte meu tornozelo estaria imenso, e foi isso o que aconteceu.
A próxima apresentação da banda seria em Curitiba, no dia 18, por isso teríamos quatro dias de folga. Decidimos ir para Capinzal, onde temos um grande amigo, o Felipe Maliska, que gentilmente nos acolheu em sua casa. Com a mobilidade prejudicada pela minha situação física, aproveitei esses dias para descansar (MUITO!!!) e tocar um pouco. Aproveito para agradecer imensamente à família Maliska pela enorme hospitalidade e carinho dispensados ao Hangar.
Na noite do dia 17, partimos para Curitiba, aonde chegamos por volta das 10 horas da manhã do dia 18. Novamente, o Hangar se apresentaria em uma casa noturna homônima. O show transcorreu muito bem. Curitiba é uma daquelas cidades perigosas pra gente porque somos tão bem recebidos e respeitados, que devemos tomar cuidado em pensar que o jogo está ganho. Mas a nossa doutrina de conduta não dá margem para esse tipo de pegadinha de ego. Para nós, cada show é sempre o primeiro e o último, e em Curitiba não foi diferente.
No dia seguinte, partimos para Porto Alegre, onde teríamos algumas atividades individuais até o primeiro evento em grupo, no dia 24. Essas atividades individuais foram um workshop do Aquiles, na escola Tio Zequinha, e um workshop meu na escola Talenthos. Aproveitamos a semana também para as manutenções rotineiras no equipamento e no ônibus.
Na manhã do dia 24 partimos para São Luis Gonzaga, onde o Aquiles faria um workshop com a participação de toda a banda. Eu particularmente adoro esse tipo de evento porque além da maior informalidade, a gente toca um repertório completamente diferente do que costumamos apresentar nos shows do Hangar. A sessão de Freakeys desse dia foi mágica. É muito legal tocar Freakeys quando a banda está concentrada e descansada. Muito obrigado ao Mauriel pela iniciativa e por todo o respeito e carinho com que nos recebeu.
No dia 25 fizemos o último show dessa etapa, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Desde o primeiro momento, quando conhecemos o contratante local, já senti que algum problema sério viria pela frente. Ele não me inspirava muita confiança… A banda de abertura, Tierramystica, não pôde montar seu equipamento e assim não se apresentou nessa noite. Essa foi a primeira grande presepada da produção local. Como alguém pode querer enfiar duas bandas em um palco de 3×5 metros, sendo que apenas o nosso kit de bateria ocupa 2x3m? Ainda assim a gente conseguiu se encaixar da melhor forma possível no pequeno palco. E, no final das contas, nosso show aconteceu normalmente, até porque o público nada tem a ver com esses problemas. Mas no meio da apresentação o contratante chamou deliberadamente uma pessoa da nossa equipe para fazer o acerto do show. Essa nunca foi uma orientação da banda e o contratante já havia sido orientado que faríamos o acerto logo depois do show. Mas depois do show o figura já tinha desaparecido, com o celular desligado e tinha enfiado 60 (!!!) cortesias na nossa porcentagem de participação na bilheteria. Ou seja, foi o nosso primeiro “cano” ou tufo dessa turnê.
Ok, thanks.