CONVICTION TOUR 2007/2008
Postado em 16/05/2008


postado por Fabio Laguna

Saudações Hangarianas!

Devido ao grande número de atividades em que estivemos envolvidos nos últimos 40 dias, o que segue abaixo é muito mais do que um diário! Mais ainda do que um semanário! Mais do que um mensário! É um QUARENTENÁRIO!!! Sim, estávamos em quarentena no Retiro Metal Hangar! Quarentena de ralação! Tanta coisa aconteceu que foi difícil lembrar de todos os detalhes mais sórdidos e picantes dos nossos últimos compromissos. Definitivamente o Hangar saiu do hangar.

O mês de março começou pegando fogo. Fizemos uma bateria de ensaios na primeira semana, pois no dia 8 teríamos o show mais importante da carreira do Hangar, que era a abertura para o Dream Theater. Antes disso, no dia 6, nos apresentamos no auditório do EMT (Escola de Música e Tecnologia). Esse pocket show foi uma prévia do que apresentaríamos na abertura para o DT. Além disso, foi um momento descontraído e de aproximação com nossos fãs e amigos, já que pudemos conversar com os presentes e tocar alguns covers que estão somente em nosso repertório acústico, como Queen, Beatles, Journey, etc. Aproveitamos o dia seguinte para conferir e limpar todo o equipamento. E passamos boa parte da tarde descendo toda nossa parafernália pelos três andares que separam o auditório da porta de saída do EMT.

O dia 8 de março foi um dia especial para a história do Hangar. Logo depois do almoço, seguimos para o Credicard Hall, onde mais tarde aconteceria o show do Dream Theater. Fomos muito bem recebidos pelo tour manager deles que, reciprocamente, ficou muito tranqüilo com o profissionalismo que apresentamos em todos os detalhes. Enquanto o Dream Theater passava o som, nós começamos a montagem do nosso equipamento na lateral do palco. E chegou a hora da nossa passagem de som. Como todo mundo deve imaginar, abrir show é sempre uma correria contra o relógio, porque as condições e prazos dados para as bandas de abertura são sempre apertados. Mas a gente se virou bem. Conseguimos passar todos os instrumentos com tranqüilidade. No meio da passagem de som o Aquiles desapareceu, rsrsrs, porque tinha que fazer umas fotos com o Portnoy para ilustrar a entrevista que será publicada na revista Modern Drummer desse mês. E no meio da nossa passagem de som, com o Aquiles de volta, os portões foram abertos e a gente pôde tocar uma música que não estaria no nosso repertório daquele dia. As pessoas reagiram como se já fosse o show! Foi muito legal porque pudemos perceber que teríamos pelo menos o respeito dos fãs do Dream Theater para o nosso show. Terminada a passagem de som, voltamos para o nosso camarim e esperamos ansiosamente pelo encontro que teríamos com os caras do DT. De repente, alguém da produção deles entra em nosso camarim e diz: “É agora!”. O Aquiles e eu já conhecíamos os caras pessoalmente de outras ocasiões, mas é sempre uma emoção muito forte encontrar com esses gênios. O encontro foi no palco do Credicard Hall. Só o LaBrie não compareceu, porque não estava bem. Aliás, foi por isso que os shows foram adiantados em meia hora. Não foi por causa do mau tempo. O James pegou uma virose e não estava bem. Enfim, cumprimentamos todos os caras e cada um foi automaticamente atraído pelo seu respectivo instrumentista, rsrsrs. Fiquei muito feliz pelo Jordan ter lembrado o meu nome! “Hey Fábio, prazer te ver de novo! Como está?” Conversei com ele sobre todos os assuntos, menos de música. Ele é inspirador, o exemplo claro de um artista nato, que não precisa de maquiagem ou caras e bocas pra se afirmar. É só ele começar a tocar e todo mundo entende porque ele é o tecladista mais reverenciado atualmente. O Mello tentou trocar algumas palavras com o Myung, mas todo mundo sabe que ele é uma pessoa muito tímida, rsrs. O Martinez conversou bastante com o Petrucci sobre equipamentos e o Aquiles ficou de papo com o Portnoy, que foi presenteado com um PshycoShoe.

Terminado o encontro, chegava a hora de se concentrar para o show. Tocamos 40 minutos para cerca de 6.000 pessoas. A resposta do público não poderia ter sido melhor. Saímos do Credicard Hall com a sensação de dever cumprido. Antes disso, nós pudemos assistir à atração principal da pista e entender mais um pouco porque o Dream Theater merece tanto o respeito que tem. Eles são simplesmente fantásticos!

O dia seguinte era um domingo. Dia sagrado de descanso? Que nada! Dia de trabalhar. Mal acordamos e já começamos a ensaiar nosso repertório acústico, pois teríamos um pocket show na Fnac do Shopping Dom Pedro, em Campinas, na segunda-feira, dia 10. E lá fomos nós para Campinas apresentar todo o peso do Hangar somente com violão, baixolão, piano, órgão e uma bateria totalmente atípica para quem conhece o set up do Aquiles. Começamos a tocar nossas músicas em versão acústica há pouco tempo atrás e pra gente é como voltar no início das composições, quando só usávamos violão ou piano. As pessoas podem entender melhor de onde vieram as idéias que deram origem ao TROYC. As músicas se tornam canções pra tocar na beira da fogueira novamente, rsrs.

Eu ainda não citei o Contrário nesse quarentenário né? Bom, que fique claro que ele nem precisa ser citado, pois está sempre ao nosso lado, rsrs. Por exemplo, depois desse show acústico em Campinas, tivemos que viajar com os equipamentos em baixo de chuva, pra variar.

Voltamos pra São Paulo, pois teríamos mais dois dias de ensaio para a gravação do programa Show Livre, no dia 13. Para quem não conhece, esse programa é apresentado pelo Clemente (Inocentes). Lá a gente também fez uma apresentação acústica e contamos mais um pouquinho sobre o Hangar. Quem ainda não conferiu, é só acessar o site www.showlivre.com. Terminada a gravação, desmontamos todo o equipo, carregamos e fomos descansar um pouco porque o dia seguinte seria de muita ralação.

No dia 14, pela manhã, começamos a nos preparar para a nossa turnê pelo Paraná, que em princípio passaria por Cascavel, Maringá e Curitiba. Toda a banda e parte da equipe foi se encontrar no estacionamento onde fica parado o nosso trailer, que finalmente estava finalizado com o novo adesivo do Hangar. Ficou muito bonito. É praticamente um outdoor ambulante chocando todas as pessoas por onde passa. E, como não podia ser diferente, o Beto, motorista da van, fez o grande favor de estreá-lo com honras ao mérito reconhecidas pelo Contrário. No primeiro dia de uso, no primeiro trajeto que fizemos ainda dentro de São Paulo, o motora raspou o trailer em uma árvore e lá se foi o adesivo novo… O trailer foi vítima do serial driver killer. Tudo bem, fazer o quê? A gente sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria. Só não esperávamos que fosse tão cedo. Bom, depois de tudo carregado, por volta das 7 horas da noite, partimos para Cascavel. Como fui sentado no banco da frente, fiquei de guarda motorista noturno. Na verdade, nem precisava, porque o Beto era bem consciente do que tava fazendo. Mesmo assim eu insisti na tarefa e não dormi nenhum minuto, até estacionarmos na porta do hotel em Cascavel, às 7 da manhã do dia 15. Enfim teríamos uma longa manhã para descansar… Ahahahaha, que sonho… Mal chegamos em Cascavel e já tínhamos duas entrevistas para fazer, uma às 9 da manhã e outra as 10. Todo mundo com a cara inchada na televisão! Depois fomos almoçar e daí sim, pudemos ter uma curta tarde de descanso.

Todo mundo semi-renovado, era hora de passar o som. O lugar do show era uma casa nova, a gente praticamente estreou o lugar. Terminada a passagem de som, fizemos mais uma entrevista para a Band TV e voltamos para o hotel para jantar e descansar mais um pouco. Voltamos para o lugar do show e esperamos terminar a apresentação da banda de abertura no camarim. Esse show teve um clima estranho. A banda tava cansada por causa da viagem e não havia ventilação no lugar. Digamos, não foi uma das nossas melhores apresentações. O mais louco é que no meio do show um moleque subiu no palco e fez um stage diving. A galera de baixo abriu a roda e o cara foi de cabeça no chão, ficando estendido por alguns segundos enquanto uma poça de sangue começava a se formar em volta da cabeça dele. Comoção geral. A banda parou, o Nando pediu desesperadamente para que os presentes acudissem o coitado. Depois ficamos sabendo que o cara era meio problemático e costumava apavorar em todos os shows. Ficamos sabendo também que ele continuou na rua, na porta da casa, com a cara toda ensangüentada, mas vivo. Enfim, esse episódio poderia ter um fim trágico para o Hangar. Imaginem só o noticiário do dia seguinte: “Garoto se mata em show de banda adoradora de serial killers”. Kkkkkkkkkk. Isso seria muito escroto.

Bom, entre mortos e feridos, o saldo do show foi muito positivo. Os próximos dois dias seriam de divulgação e descanso. Nós ficamos em Cascavel, pois teríamos um workshow com toda a banda no dia 18. Visitamos rádios, televisões, escolas de música, etc. Nesse evento pudemos conversar com as pessoas que tinham ido ao nosso show e outras não puderam comparecer no mesmo. Para usar ao máximo a ocasião, montamos toda a nossa estrutura para simular um show e já aproveitar para ensaiar em condições reais.

Em meio a toda essa correria, ficamos sabendo que o show de Maringá, que seria no dia 19, havia sido cancelado. Mesmo assim, nesse dia partimos para Maringá que, de certa forma, ficava no caminho para Curitiba, cidade em que faríamos uma apresentação no dia 20. Nós decidimos ir para Maringá como forma de respeito aos nossos fãs, já que o show tinha sido cancelado com apenas 2 dias de antecedência. As pessoas que haviam nos contratados simplesmente decidiram cancelar porque achavam que não teria público o suficiente. Daí pergunto, se eles explodissem de vender ingressos nós receberíamos um centavo a mais por isso? Fomos à mídia local para esclarecer que a banda não tinha nada a ver com o cancelamento e, à noite, no horário do show, ficamos em frente à porta da casa onde seria a apresentação para atender a todos os fãs que se sentiram prejudicados com tal absurdo. Pouco antes disso, o Contrário agiu com toda a sua força: o engate que prende o trailer à van simplesmente quebrou!!! Para a nossa sorte, estávamos em uma rua plana, o que impediu uma tragédia. E contrariando todas as peripécias do Contrário, logo em frente ao local onde aconteceu o acidente havia uma serralheria. Era noite, mas havia um funcionário fazendo hora extra e ele disse que poderíamos estacionar o trailer dentro da serralheria para que fosse arrumado no dia seguinte bem cedo. Começamos a empurrar o trailer para guardá-lo quando um carro entrou no meio do caminho. Todo mundo começou a gritar delicadamente coisas como: “Hey!!!”; “Sai da frente seu louco!” “PQP!!!”. E o cara do carro, que minutos depois descobrimos ser o dono da serralheria, colocou a cabeça para fora e, olhando com severidade, respondeu com seu sotaque paraguaio: “Lôco san vocês!”. Isso foi motivo de piada por um bom tempo. Apesar disso, o cara foi muito gente boa e nos atendeu naquela tremenda roubada. Fomos jantar e voltamos para o “hotel”, ou sei lá como chamar o lugar que ficamos hospedados. As camas eram de alvenaria e tinham uns buracos bem propícios para criação de barata. E lá estavam elas.

No dia seguinte, acordamos bem cedo porque tínhamos que pegar o trailer no conserto e seguir viagem para Curitiba. Assim que deixamos Maringá o Contrário contra-atacou forte! Começamos a sentir cheiro de borracha queimada e o Nando colocou a cabeça pra trás e disse que estava saindo fumaça do pneu do trailer. Só levaram a sério depois que ele insistiu umas três vezes. Paramos a van em uma avenida paralela a rodovia e vimos que um dos pneus do trailer estava pegando fogo! Corre-corre geral! Cadê o extintor?!?! Pra ajudar, um ônibus só com mulheres de todas as idades (coisa de filme!) parou do nosso lado e as engraçadinhas começaram a fazer piadas como: “Ai que calor!”; “Apaga o meu fogo”. Foi foda. Descobrimos que com o acidente da noite anterior, o freio de uma das rodas do trailer ficou travado e a única solução seria continuarmos a viagem sem os freios da carreta. Metal extremo! O Beto, motora, soltou os freios e seguimos viagem.

Toda essa confusão serviu para atrasar nossa chegada em Curitiba em mais de 3 horas. Conclusão: chegamos no Opera 1 e todo mundo meteu a mão na massa pra aliviar o atraso. Agradecemos muito pela compreensão das bandas de abertura local porque nossa passagem de som acabou atrasando muito. Antes disso, ainda tivemos uma tarde de autógrafos, também atrasada pelos mesmos motivos.

Depois de passar o som, fomos ao hotel para um banho rápido, jantamos e voltamos para o local do show onde pudemos conferir as últimas músicas da banda curitibana Dragon Heart. Hora do show. Para mim, esse foi nosso melhor show. Acho que estávamos tão putos com toda a merda que aconteceu nesse dia que sobrou muita energia pra botar pra fora. E boa parte dessa energia foi canalizada nesse show. Nunca tinha visto o Hangar tão rock’n’roll, se é que vocês me entendem, rs. Terminada a apresentação, atendemos a todos os presentes, como fazemos sempre. E como fazemos de vez em quando, especialmente quando estamos atrasados, fizemos um mutirão e carregamos toda a tranqueira escada abaixo para dar uma força para a equipe que, como também acontece de vez em quando, foi deixada na mão pelos carregadores. Era hora de voltar para o hotel e descansar um pouco, pois no dia seguinte ainda tínhamos que voltar para São Paulo sob a luz do dia já que o trailer de quase duas toneladas, além de estar sem freio, também estava sem iluminação, já que o acidente de Maringá também destruiu todos os cabos da parte elétrica.

O show que teríamos no dia 22, em Guarulhos, com o Sepultura, foi cancelado dias antes e assim tivemos alguns dias de folga para repor as energias e se preparar para uma nova maratona de compromissos.

Olá galera, é um prazer e uma honra participar do Hangar e seus dias diários, noturnários e ininterruptos. Quem assume o relato aqui é Eduardo Martinez e o estilo narrativo pode mudar um pouco. Afinal não é por nada que o meu apelido na banda é L0co. Bem, como dizia o físico da língua pra fora: tudo é relativo, tempo e espaço se confundem na estrada criando um novo conceito de dobra temporal que nós cientistas costumamos chamar de “o dia da marmota”. A prova cabal de sua existência é o filme que nós cientistas costumamos chamar de “o feitiço do tempo”. Apesar de toda a lógica estamos realizando shows, workshops e cargas nunca antes vistos, numa rotina sem fim de surpresas, desafios e novos amigos. Hangar e Sepultura no Sesc de Santo André, mais uma noite para lembrar e contar para os netos. O dia 28 de março começou como um dia da marmota normal, com muita caaaaaarga. Esta é uma parte imprescindível. Eu só tenho uma banda por causa da carga. Shows, música, dinheiro nada disso importa. Quem conhece a carga sabe que não há nada melhor. A carga quer você. Bandas que viajam de aviãozinho estão perdendo o melhor do Roquenrou que é levar caixadas e sub-badas em plena face logo de manhã cedo. Bem, chegando ao Sesc a nossa equipe, que já está em um nível muito top de entrosamento na gig começa a analise do perímetro para a descarga da carga. Nesse momento tive meu reencontro com um dos integrantes da fase áurea do Sepultura: no exato momento em que eu saio de trás do trailer com um dos nossos tocos jumbo de madeira (usado para calçar a carga), esbarro no senhor Andréas Kisser chegando para mais um dia de trabalho. Foi uma saudação bem metal, tipo uma paulada de boas vindas. Felizmente nenhum guitarrista saiu ferido. Nem o toco. E nem a carga. Naquele momento me dei conta que era a segunda vez que tinha a oportunidade de dividir o palco com o Sepultura e dar pauladas nas pessoas. Faziam 17 anos da primeira, em Porto Alegre com minha banda anterior, no show da tour de lançamento do Arise. A vida dá voltas e muitas cargas, shows, discos e principalmente anos depois, a mesma oportunidade de mostrar para o público de um dos maiores nomes do metal mundial o show da minha banda. E foi uma paulada… Como não podia deixar de ser em um show de abertura a passagem de som foi bem corrida e na pressão, mas tudo muito sossegado pois o respeito entre as equipes e o profissionalismo eram a lei. Subimos “pontualmente” mesmo, e na hora que o Arnaldo declara que finalmente encontrou a paz de novo, e que de alguma forma a dor de dentro de seus olhos ainda é apenas o começo, já estamos na beira do palco, punhos cerrados ao alto saudando a galera que já nos viu no escuro e começa a gritar por que sabe o que vem depois daquela voz. Aí a paz acaba e o inferno começa. Ou melhor, Heaven, pois é nessa hora que tudo faz sentido pra mim. Os primeiros segundos de um show do Hangar superam até a carga. A adrenalina vai acumulando e explode após duas contagens no chimbau. Tivemos uma recepção com cabeça batendo, roda no meio da galera, gente cantando as músicas e até um coro gritando “Hangar, Hangar”. Não podia ser melhor.

E segue a carga, rumo ao workshop do sr. Aquiles em Criciúma. É sempre uma grande emoção ver a galera ouvindo atentamente as nossas músicas e uma festa ouvir as incríveis respostas do Aquiles as não menos incríveis perguntas. Quando saímos de lá deixamos um rastro de camisas do Hangar nas pessoas, hehe. E grandes amigos que nos receberam e hospedaram em suas casas, fazendo as coisas acontecerem com muita carne, cerveja e hospitalidade: Adair Daufembach, Gilson Naspolini, e Thiago “Homer” Daminelli. Fomos acomodados na casa de praia do sr. Homer na noite da nossa chegada após é claro uma pequena descarga. Estávamos próximos de Criciúma mas como não era verão a praia estava deserta e as casas vazias, ninguém na rua, frio, nada aberto: praia fantasma. Nesse clima Aquiles acorda para mais um dia de workshop e resolve sentar na porta da casa pra tomar um café sossegado. Imagine um sujeito barbudo, de boné e sem camisa, com uma vaca fumando tatuada no peito chegando de longe no meio da rua e mais ninguém por perto. O tal sujeito lembrava o personagem psicopata do filme Kalifornia. Então o Brad Pit cover vem chegando com uma espada na mão… Isso mesmo, não era um facão, era uma espada daquelas medievais que ficam em cima da lareira junto com o brasão da família. Sobra pouco tempo pra decidir o que fazer, e o tal maluco já está na calçada vindo pra cima, devagar e sempre com o ferro na mão. Seria um bom momento para um “bom dia, como vai, vem sempre aqui?” Sorte que o escudo daonde saíra a tal espada era da família Daminelli e o assassino em potencial era primo do Homer. Ele não sabia de nada e só estava chegando pra dar uma conferida naquele bando de peludos que estavam lá invadindo a casa. Ninguém saiu ferido de novo. Só a xícara de café, que lascou quando o Polvo caiu pra trás naqueles segundos em que virou personagem de suas letras: a vítima…hehe. Eu e o sr. Nando Mello aproveitamos para depois do evento pegar um ônibus rumo a Porto Alegre/Gravataí e recarregar as veias com chimarrão para a próxima etapa.

O pocket show acústico do Hangar na Fnac do shopping Barigui em Curitiba, Paraná, 10 de abril de 2008… Um capítulo de carga e novos amigos como o sr. Vinicius “PopKieds” e mais um exemplo de hospitalidade e brodagem muito além do jardim. A repercussão do show elétrico se fez sentir e muitas pessoas repetiram a dose fazendo com que naquela tarde ficasse difícil tomar um café no Franz da Fnac, pois havia cerca de 200 pessoas e a cerveja predominava. Efeito também da nossa participação ao vivo na radio rock 91, aonde fizemos uma hora de programa e algumas músicas ao vivo, voz e violão. Neste show fomos todos presenteados com retratos a lápis feitos pelas irmãs Maely e Noemy, obrigado pelo carinho! Feito o show, que foi modéstia a parte em nome da banda muito bom e após bate papo, fotos, com toda galera (obrigado pelos sonhos Srta. Lexus!) mais uma do contrário: carga na chuva, uma festa…

Seguimos para Tubarão aonde dois eventos nos aguardavam: workshop e show acústico no Rancho Aromáticos em São Ludgero, Santa Catarina. No workshop estávamos todos presentes e tocamos algumas músicas na versão acústica, convidando os presentes para o evento em São Ludgero. Após mais um exemplo de hospitalidade, churrasco e confraternização na fazenda de mini-vacas (mini wacken open air…) do promotor Marcão, que junto com o também promotor e batera Éder Medeiros nos proporcionaram uma jam noturna.

Em São Ludgero nos deparamos com uma propriedade voltada ao entretenimento, ou seja, a festa. O rancho (e banda) Aromáticos na verdade é um local de encontro e confraternização dos músicos e proprietários Hélio “Pato” e Fábio “Painho” que dão um show de hospitalidade abrindo a festa semanalmente para a comunidade, com muito galeto e cerveja. A estrutura do local é praticamente “urbana” e estava lotado. Encontramos até um holandês perdido na festa. Este foi um dos shows acústicos mais pesados, amplificamos os violões com cubos e mandamos ver. Foi uma surpresa muito agradável ver nossos novos amigos de Criciúma lá presentes também. Obrigado galera.

Próxima etapa: Rio Grande do Sul para os únicos show do Hangar até o momento no estado natal da banda, show acústico em Porto Alegre e show elétrico no Hangar 18 em Gravataí rock city. O acústico foi no pequeno mas excelente auditório lotado da Estação Musical, dia 29 de abril, aonde pudemos sentir o calor da galera de perto. No dia seguinte, sem respiro, passagem de som e Hangar ao vivo para todo estado no programa Radar, com muito bate papo. Pudemos tocar 5 músicas e dividir o programa com o ilustríssimo sr. Tony da Gatorra… De volta a Gravataí na mesma o frio nos colocou de volta ao palco elétrico do qual já sentíamos falta, e fizemos um show muito bom para uma galera muito especial. Estavam presentes o sr. Flávio Soares do Leviaethan, Francis e Magnus da Scelerata, Sabrina Star e Marcelo Rodrigues da Riffmaker, Hércules, Rogério e Strapazon, que aproveitaram pra me botar no palco de novo após o show do Hangar para uma participação relâmpago da Lápide. Enfim foi um show entre amigos e o profissionalismo dos proprietários Fábio e Priscila foi total.

Hangar e Queensrÿche no Chevrolet Hall de Belo Horizonte, Minas Gerais, dia 10 de maio de 2008. Mais uma data histórica, que ano está sendo este para a nação Hangariana. A oportunidade de dividir o palco com bandas como Queensrÿche, Dream Theather e Sepultura. O metal sem limites. Nessas horas em que estamos na van prontos para mais uma carga, montagem e passagem de som me dou conta que é real, é a nossa vida agora. Enquanto sr. Tate e banda passavam o som ‘até quando quisessem’ (estava escrito assim no cronograma, hehe, nada mais justo) preparávamos nossa invasão (consentida, é claro, em bom inglês pelo tour manager deles ao nosso tour manager, técnico de palco, responsável pela montagem da bateria, roadie e azedador desagradável Rodrigo “Bussano Pássaro Maldito” Fantoni). Montamos os 4 biombos do cenário, passamos o som e seguimos a risca o que nos disseram: “from this line to the front of the stage you can do whatever you want”. E aproveitamos pra fazer nosso melhor show de abertura até então, com o cenário completo. BH e o sr. João Eduardo da Cogumelo estão de parabéns, somos muito gratos pelo profissionalismo com que fomos tratados. O que se podia esperar de uma terra que nos deu o início dessa cena nacional que hoje é reconhecida mundialmente? O sr. Nando como fan do sr. Tate assistiu o show dos Headliners sem piscar e nos fez um relato muito interessante dos hábitos de um grande vocalista em seu habitat natural. Durante as passagens instrumentais mr. Tate se retirava para a lateral do palco e repetia o seguinte ritual: fazia algumas anotações sobre sua própria performance (todas aparentemente positivas pois o show estava ótimo), disparava um spray na garganta com uma pequena vocalização e saboreava um chá quente servido por seu acessor pessoal, um sujeito de certa idade (tipo eu, hehe) muito alto e magro com quem troquei algumas depois do show (durante a carrga..) e na final do Wacken em SP. Ele agradeceu a gente pelo nosso show! Para um gringo era um cara muito afetuoso e não escondia o quanto tinha gostado da banda. Inclusive pelo que me consta foi assim que ele chegou para integrar a equipe do Queensrÿche, como um grande fan disposto a trabalhar. E não foi assim que viemos todos parar aqui?

Categoria/Category: Diário

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