postado por Nando Mello
Revisão Fábio Laguna
Uma das reclamações constantes que recebo é que nosso diário demora muito a ser publicado, acumulando meses até a próxima publicação. Sendo assim, resolvi tentar escrevê-lo todo o final de cada mês a partir de março.
Hangar Day
Começamos nosso ano de 2011 muito bem em fevereiro e tínhamos a intenção que março fosse ao menos parecido. A meses planejávamos o Hangar Day e finalmente ele chegou. Os últimos dias de fevereiro foram intensos, uma correria, pois os candidatos enviavam vídeos a toda hora e, como sempre, fiquei como responsável de assisti-los e repassá-los ao pessoal da banda para avaliação. Meu critério de escolha foi além do vídeo, considerei a história de cada um com a música e a relação com a banda Hangar, se realmente era um fã e tal. No final da apuração tivemos algumas arestas a aparar porque ficamos em dúvida quanto a algumas escolhas. Decidimos que não seria mal nenhum em convidarmos três bateristas e dois guitarristas. Para vocal, tecladista e baixista optamos por somente um de cada. O resultado final foi divulgado no dia 4 de março e tive a preocupação de falar com todos os candidatos para realmente saber se eles estariam disponíveis para a data.
Viajei no dia 10 para São Paulo e começamos a trabalhar para o evento do dia 12. A produção era toda do Hangar então os esforços foram dobrados. Tivemos o apoio da Free Note que esteve conosco em todo o evento, da divulgação até o fechamento do Blackmore na madrugada do dia 13. Sem a presença do Vinicius e do Zé, não conseguiríamos chegar ao sucesso no projeto. Na manhã do dia 12 enquanto nossa equipe montava o equipamento , os vencedores começavam a chegar. Primeiro foi o Jarlysson, baterista de Santarém, no Pará, e o Vítor, guitarrista de Cachoeirinha, Rio Grande do Sul. Depois chegou o Thiago Bonga, baixista de Salvador, Bahia e o Rafa Dachary, baterista de Ijuí, mas que mora em Florianópolis, Santa Catarina. Tímidos, todos pareciam meio assustados com a quantidade de equipamentos e pela proximidade com a banda. Os demais selecionados seguiram direto para o local do almoço. Chegamos por volta da uma da tarde e encontramos o Díogenes Lima, tecladista natural de Passo Fundo, mas morador do Guarujá, São Paulo e a Monica Souza, vocalista de Porto Alegre. A Mônica, de tão empolgada que estava, acabou levando sua banda inteira para São Paulo para apoiar a sua performance. No almoço recebemos a visita da equipe do Stay Heavy. Como sempre nossos amigos Vinicius e Cintia Diniz foram muito atenciosos e fizeram a cobertura completa, do almoço até o show, para um programa especial que irá ao ar no próximo mês. Todos bem humorados e alegres com a participação e a festa que estava acontecendo. Almoçamos e voltamos direto para o Blackmore. Acompanhamos o restante da montagem e esperamos a passagem de som. Geralmente nossa “passagem de som” não demora muito, no máximo três a quatro músicas, quando precisamos. Nesta tarde tudo foi diferente. Eram “sete” pessoas que nunca haviam tocado conosco. A esta altura o Ivo, guitarrista de Santos, São Paulo, se juntou a nós, já que por motivos particulares não havia comparecido ao almoço. Tocamos com nossos convidados as sete músicas nas quais iriam dividir o palco conosco. Depois passamos mais quatro ou cinco músicas sozinhos. Saímos desta fase já cansados, pois tocamos cerca de 11 ou 12 músicas. Já passava das seis da tarde quando o pessoal da banda foi para casa descansar, tomar banho, etc… Enquanto nossos convidados, como bons turistas, foram conhecer o Shopping Ibirapuera, próximo do Blackmore. Tive que ficar no bar para arrumar todos os banners e material de divulgação e merchandising com o pessoal da Free Note. Aliás, neste dia fizemos a estréia da nossa nova componente na equipe, a máquina de cartões da Cielo. Sim, a Cielo está conosco agora e não tem como não levar alguma coisa do merchandising do Hangar, ficou muito fácil: se não tem grana, passa o cartão, rsrsrs. Já havia fila na porta do Bar. Pessoas tirando fotos com o Infallibus, como se ele fosse um grande herói do metal nacional, ou coisa assim… ahaaaaaaa, massa.
Eu já tava mais que cansado, desde as oito da manhã na correria, mas a festa estava acima de tudo e era um grande dia para todos nós. Pelas dez da noite o Blackmore estava lotado, muita gente com a camiseta do Hangar, amigos, fãs, todos presentes para celebrar. Às onze e meia começaríamos o show e fui atrás de todos os participantes para avisá-los. Havia uma ordem de apresentação, o que significava que teríamos que estar bem organizados. Não havia mestre de cerimônia, então combinamos que a apresentação inicial ficaria a cargo do Aquiles e depois sucessivamente eu, Martinez, Fábio e Humberto entraríamos um a um no palco e depois cada integrante chamaria os vencedores do consurso para tocar junto com a banda. Visivelmente emocionado, o Aquiles subiu no palco e deu ínicio ao show. Falando da trajetória da banda, todos puderam ver que seus olhos brilhavam ao ver mais de 400 pessoas, dezenas com o “H” no peito. Mais do que uma atitude inédita no Brasil, o “Hangar Day” foi um marco. Evidenciando o quanto estávamos contentes com aquele dia, o Aquiles fez um discurso memorável e emocionante, no maior estilo “pastor metal” e foi chamando um a um demais os integrantes da banda. Quando ele chamou o Humberto e a banda ficou completa, o Blackmore literalmente “caiu”. Paramos tudo e ficamos olhando a galera aplaudindo e gritando… memorável. O Aquiles chamou o primeiro selecionado a participar, o Jarlyssom, que entrou no palco e tocou conosco a “Some Light To Find My Way”; depois entrou o Rafa e tocou a mesma música. Na sequência foi a vez do Thiago Bonga tocar “Solitary Mind” e do Ivo e do Vitor tocarem “Collorblind”; depois a Mônica cantou “Time to Forget” e o Diógenes Lima tocou “Infallible Emperor”. Pela primeira vez pude ver a banda tocando de longe, com outro baixista, uma sensação no mínimo estranha… rsrs. As participações foram muito bem recebidas pelo público. Todo mundo entendeu a brincadeira “séria” que era aquilo. Alguns participantes eram bem experientes, outros nem tanto, e mesmo assim todos se saíram muito bem. Depois da apresentação individual dos candidatos, todos voltaram ao palco para tocar “The Reason Of Your Conviction”. Estavam emocionados por poderem participar e tocar para várias pessoas em um palco junto conosco. Após estas oito músicas, reunimos toda a galera para as fotos, agradecemos pelo momento e seguimos com o nosso show. Confesso que estava bem cansado do dia todo, mesmo assim, ainda tivemos forças para tocar várias músicas. Uma das coisas legais deste dia foi que pela primeira vez estava tocando com meu novo set de amplificadores e caixas da SWR, uma empresa ligada a Fender. Um ampli fora de série, que fez com que o som de baixo desse um “up” sensacional. Na real, era a primeira vez que tocávamos juntos com as novas guitas “Jackson” do Martinez, os teclados “Korg” do Fábio, meu ampli “SWR” e o Aquiles voltando com a sua “Mapex Deep Forest”, agora pintada de vermelho. O som da banda estava diferente mesmo! Era muita coisa nova ao mesmo tempo… Mais para o final da nossa apresentação sentimos o Aquiles meio mal no palco. Realmente ele estava bastante enjoado e começou a ficar pálido. Talvez tenha sido alguma azeitona no almoço, rsrs. Vai saber… Acabamos cortando duas músicas do set. Nos despedimos e depois de alguns minutos no camarim, onde realmente o Aquiles passou mal, fomos ao encontro dos convidados e fãs para conversas, fotos, autógrafos, etc…
Uma lista incontável de amigos compareceu (e lógico que vou acabar esquecendo-me de alguém): Marina Dickinson, João Duarte, Vanessa Doi, Maria Carolina Angeli, César Pereira, André e Sá, Claudinho Medina, Edi, Glaucy, Roger, Paulinha, Wallace, Moacir, Jully, Ana, Pry e Damáris, Sanedi, Jandira, Felipe, Samara e mais 400 pessoas que estavam lá. Agradeço também a nossa equipe de apoio Daniel Pepe, Rodrigo Batata, Fábio Didi, Dinho e a incansável Bruna Fonte, que ajudou o tempo inteiro, sempre se colocando à disposição para todos os problemas… Ainda em tempo, agradeço ao Marcelo, da Pride Music, que esteve presente durante a passagem de som para que fizéssemos vídeos sobre nossos novos equipamentos SWR, Korg, DDrum e Jackson, o Vínicius e o Zé da Free Note e o pessoal do Blackmore e os vencedores do concurso Hangar Day, Mônica, Ivo, Vítor, Dio, Thiago, Rafa e Jarlysom pelo dia maravilhoso de confraternização. De maneira alguma alguém poderia imaginar que praticamente 14 anos após o surgimento a banda estaria em São Paulo comemorando um dia inteiro com o inédito Hangar Day. Foi muita emoção.
Curitiba
Após um merecido descanso até a noite de domingo, dia 13, preparamo-nos para mais uma viagem em direção ao sul. Nossa primeira etapa seria Curitiba, na segunda-feira, dia 14, para aulas na escola do Joel Jr., a Drum Time. Saímos de S.Paulo às duas da manhã de segunda e em uma viagem tranquila chegamos a Curitiba, por volta das 9 da manhã. Após um tempo para encontrar um local adequado para estacionar o Infallibus rumamos para a Drum Time. Encontramos o Joel já na porta da escola onde largamos nossas mochilas e logo em seguida fomos almoçar em um restaurante sensacional, propriedade do irmão do dono do restaurante onde almoçamos no sábado em São Paulo, no Hangar Day. Como somos clientes assíduos tanto em São Paulo quanto Curitiba, logicamente rolou aquele desconto esperto na hora de pagar a conta, rsrs. Voltamos para a escola e durante a tarde enquanto alguns recebiam seus alunos, outros em intervalos distintos recebiam as visitas dos nossos amigos queridos de Curitiba, a Luma, o Alex, a Lohanna, Cris Helen e a Dani vestida de aeromoça… haha entreguei Dani, sorry. À noite conseguimos um lugar seguro para o ônibus e fomos jantar. Mais tarde, alguns tiveram insônia e foram tomar “água que passarinho não bebe” em uma conveniência de um posto de gasolina próximo.
Na terça-feira, dia 15, após o meio dia despedimo-nos do Joel, que àquela altuta já devia estar dando graças a Deus pela multidão do Hangar ir embora, rsrsrs e rumamos para o Shopping Barigui. Fomos direto a FNAC montar o equipamento e acertar os detalhes sobre o lançamento da biografia do Aquiles. Tocar nas lojas da FNAC sempre é muito bom, é algo diferente e o atendimento do staff da loja é sempre excelente. Geralmente o público fica sentado e participa muito. Mais uma vez reencontramos os amigos Alex, Luma, Cris, Lexus, Dani, Zé do Cartaz e mais uma centena de pessoas e fãs da banda. O Aquiles falou bastante da biografia e batemos um papo muito bom com todos que se aventuravam a perguntar sobre qualquer coisa. As músicas foram cantadas e muito aplaudidas. Nas partes engraçadas mais uma vez ovacionamos a nossa máquina de cartão de crédito da Cielo, que tornou-se um evento a parte dentro da festa. Após o show, recebemos todos, mas a esta altura, quase onze da noite a correria foi grande para desmontar tudo e sair a tempo do Shopping. Perto da meia noite partimos de Curitiba direto em direção a Porto Alegre.
Gravataí e Porto Alegre
Antes de chegar a Porto Alegre, passamos na fábrica da Harman (ex-Selenium) e batemos um papo rápido com o Fábio Floriani, diretor, reforçando o convite para o pocket show de sexta-feira, dia 18, na Fnac de Porto Alegre. Seguimos direto para a casa do Martinez e deixamos por lá o próprio, o Fábio e o Humberto. O restante do pessoal, Aquiles, Daniel, Rodrigo e o Fábio seguiram para a minha casa em Gravataí. Chegamos a tardinha. Quinta-feira, dia 17 de março, foi dia para manutenção do Infallibus. Enquanto o Aquiles, o Rodrigo e o Daniel rumaram no meu carro para Porto Alegre para comprar alguns cabos que estavam falatando e visitar o Rafa Dias no Batera Store, eu e o Fábio Didi fomos tratar de arrumar local para troca do óleo, manutenção das lampadas e mais algumas coisas pequenas. Felizmente conseguimos fazer tudo em um raio de 1km de distancia. O bairro onde moro tem esta vantagem que nem eu mesmo sabia, é tudo muito perto.
Na noite de quinta, todos fomos até a cidade de Portão, próxima à Porto Alegre, na casa do Rodrigo, da Urban Boards, que nos convidou para um churrasco. Carne de primeira, cerveja gelada… Agradecemos demais a imensa hospitalidade dos irmãos Rodrigo e Raquel. Claro, alguns abusaram da “água que passarinho não bebe”… E na volta, uma pessoa ficou “meio alterada” e começou a morder todo mundo dentro de Infallibus… No dia seguinte, todos da banda e da equipe (exceto um, que vou deixar a imaginação de vocês descobrir) estavam com tatuagens de dentes nas costas, braços, pescoço. O Ministério da Saúde adverte: se beber, não morda, rsrsrs.
Sexta-feira a tarde fomos para o Barra Shopping Sul, em Porto Alegre, para montarmos o equipamento. Um pequeno stress no estacionamento do busão na porta da FNAC e o desaparecimento do cabo da máquina de cartão da Cielo indicavam que seria uma tarde estranha, mas felizmente foi somente isso. Porto Alegre nos recebeu de braços abertos. Ficamos muito felizes de ver a FNAC super lotada. Na real, faltou lugar. Além dos meus familiares, os do Aquiles e do Martinez, que costumeiramente comparecem em todos os eventos próximos, tivemos a presença de vários amigos e pessoas ilustres da música na cidade. Amigos como o Marcelo Rodrigues, o pessoal da banda Oniggatai, a Mônica Souza, o Chileno e o Luciano do Tierramytica, o grande baterista Kiko Freitas, um dos mais respeitados do Brasil no seu instrumento, Frank Jorge, coordenador do curso de Formação de Produtores de Rock da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o Diretor da Harman, Fábio Floriani, que foi homenageado pela banda com dois quadros com a nossa imagem e o Infallibus, sonho que somente se realizou devido a sua chancela ao projeto e vários amigos e fãs. A homenagem ao Fábio e à Harman foi marcante. Esperei pelo discurso dele mas a emoção foi tão forte que ele não conseguiu falar. Atendemos todos até a loja fechar e depois fui para casa enquanto os demais saboreavam um jantar em um restaurante do shopping.
Santo Ângelo e a confusão
Dia 18, sábado partimos em direção a Santo Ângelo por volta das cinco da manhã. Perto do meio dia chegamos a Ijuí onde almoçamos com o pessoal da banda Excellence, que organizou nosso show ano passado no SESC da cidade. Um grande abraço ao Lucas, Marcos, Robson, Pimenta e ao pessoal que nos recebeu muito bem. O show de Santo Ângelo foi firmado quando da nossa passagem pela cidade em dezembro. O Alex Chimú, que foi nosso anfitrião na época, tinha vontade de levar uma banda e colocar um show na cidade há certo tempo e, movido pelo sucesso do workshop de dezembro, marcou a data para 18 de março. O grande problema é que ele associou-se a uma casa de show da cidade chamada Yallah que a principio sempre deixou claro sua intenção de fazer o evento e o Chimú ficaria como divulgador. No decorrer dos meses de janeiro e fevereiro sempre cobrei o contrato do referido produtor da casa sem sucesso. No inicio de março ele me ligou e disse que estava tudo certo e que não precisava me preocupar. Abonado pelo Alex seguimos com o acerto. O que aconteceu é que faltando sete dias para o evento a casa simplesmente fechou, sem dar explicação nenhuma quanto a nossa data. Já estávamos com a agenda prevista para Porto Alegre, então entre cancelar o show e tentar outra uma alternativa, pedi ao Alex que desse um jeito de conseguir outro lugar. Quando chegamos em Santo Ângelo o lugar era realmente indescritível, completamente fora de qualquer possibilidade de realizar um show. Um galpão precário com fiação exposta, apenas uma entrada e saída. Ficamos todos chocados pelas condições. A decisão seria ir embora e não tocar, até que o dono do local sugeriu que fizessemos o show em um outro local de sua propriedade. Fomos até lá e o mesmo tinha um palco apropriado e muito espaço, no centro da cidade. Tivemos que tomar uma decisao em cima da hora em respeito às pessoas que já estavam se deslocando para o show. Resolvemos fazer um acústico às pressas. Não havia outra saída a não ser o improviso. Mesmo assim o show foi animado e surpreendeu muita gente. Contamos mais uma vez com a ajuda dos amigos Mauriel Ourique, o Caco Garcia, as queridíssimas Patrícia “Borgir” Cordeiro e Débora Reoly, Eduardo Cadore, além de pessoas que sempre nos acompanham na região como o “Alemão” Thiago, a Elisa Conceição, o pessoal da banda do Alex, João, James, Moita, a Luana e Geovana Marques, o Patrick Alexander o Deivis, o Mauricio, a Kitty Rigoli, irmã do Marcos, o Matheus Rigoli, a Talitha e a Drica, a jornalista que nunca nos entrevista… kkkk. O prejuízo moral e financeiro foi uma constante que ficou na minha cabeça nesse dia, mas não teria como não darmos uma satisfação para esta galera. Ficou a lição e na realidade em tantos anos de carreira acho que foi a segunda vez que aconteceu algo deste tipo. Ficou a vontade de todos de quem sabe a gente volte em breve para preencher esta lacuna na região das Missões. No final, mais uma vez nos dirigimos para o único restaurante aberto na cidade, fizemos um lanche já por volta das duas da manhã e seguimos para o hotel. Por volta das dez da manhã saímos da cidade em direção a Porto Alegre, onde deixamos o Fábio no aeroporto para que voltasse para casa mais rápido e curtisse os seus dez dias merecidos de férias e depois seguimos novamente para Gravataí.
A segunda-feira seguiu com aulas do Aquiles no Bateras Beat, enquanto fiquei em casa com o pessoal e providenciamos um churrasco para a noite. Deixei os três paulistas irem comprar a carne e decidimos fazer na grelha, tipo bife. Quando o Fábio, o Daniel e o Rodrigo chegaram com a carne eu achei engraçado, eram três bifes grossos e grandes e mais ou menos uns três quilos de linguiça, ou salsichão como é conhecido aqui nos pampas. Voltei ao açougue e pedi para o cara cortar aqueles bifes grandes bem “finos” e pequenos. Os três bifes resultaram em uns 12 pedaços pequenos e acabei comprando mais um pouco de carne pra sustentar a rapaziada. Ou seja, estes paulistas que estavam aqui em casa não entendem nada em matéria de churrasco. O Martinez e o Humberto vieram e a confraternização rolou até a meia noite.
Carlos Barbosa
No dia 21, terça, o Aquiles e eu fomos até a Escola Universal Fênix, de Carlos Barbosa. A cidade fica no pé da serra gaúcha, a cerca de 100km de Gravataí. O Aquiles daria umas aulas por lá e resolvemos ir sozinhos, ficando o resto da galera na minha casa. Chegamos para almoço e conhecemos o pessoal da escola, em especial o Macally. Já não bastou o nome, ainda a figura era especial. Um bom humor sem igual. Lógico que ele acabou virando o “Maccaly Culkin” e depois o “Maccally Festas”, tamanha a festa que ele realmente é. Cidade simpática, pessoas simpáticas, ficamos o dia todo por lá. Enquanto o Aquiles trabalhava eu passeei pela cidade, fui a bancos, praças e aproveitei o sol e a temperatura que somente a serra deste estado apresenta. Um legítimo passeio pelo interior. No intervalo visitamos a loja da Tramontina, que vende produtos mais baratos. No final da tarde nos reunimos com o Maccally e o Leandro que são sócios em alguns eventos e aproveitamos para tratar do nosso show ou workshow na cidade no mês de junho. Foi um dia bem legal e voltamos direto para Porto Alegre para passar no nosso amigo Hebert Shred, onde recolhemos nossos bags que estavam no conserto. Voltamos para Gravataí por volta das nove da noite e fomos jantar em uma lanchonete próxima de casa. O Fábio Didi já havia descansado bastante e eles deveriam seguir viagem partindo de Gravataí à meia noite com destino a Brusque. Voltamos pra casa e o pessoal recolheu as malas e deixaram o ônibus pronto. O Martinez resolveu ficar em Porto Alegre e acabou somente trazendo o Humberto até Gravataí. A meia noite o Infallibus partiu da Morada do Vale em Gravataí. Gravei a partida para lembrar depois. Foi meio estranho, eu ficando em casa e o ônibus indo embora com os caras. Durante os dias que ficou aqui o bairro literalmente adotou o ônibus e por onde íamos todos comentavam e achavam o máximo “o ônibus do Hangar ali na frente da casa do Fernando“. Sim, as pessoas me conhecem aqui por Fernando…
No dia seguinte em Brusque aconteceu o workshop do Aquiles , mas ai eu já não estava presente. Em abril voltaremos com mais um diário do Hangar. Vamos passar por Itumbiara e Uberlândia, ou seja, Goiás e Minas. Muito pão de queijo e pamonha, uai. Aguardem!
Abril…
Itumbiara
No início de abril, o Aquiles esteve em uma feira na Europa, a Musik Messe. Assim, tivemos que marcar as datas da banda perto da metade do mês. No dia 11 viajamos para São Paulo onde nos encontramos. E no dia 12 seguimos viagem para Itumbiara, a cerca de 750 km de distância. Estivemos lá em 2009, o Aquiles e eu, então já conheciamos bem o caminho. Nosso anfitrião e produtor na cidade é o Hiury Garcia, grande baterista e um cara simplesmente muito bacana e gente fina. Chegamos na note do dia 12 e seguimos direto para a casa da avó do Hiury, que nos esperava com uma saborosa comida caseira goiana de primeira qualidade. Banda e equipe jantaram “feito bichos”, como costumamos falar. Depois para o hotel onde descansamos. Na quarta-feira, dia 13, seguimos para o complexo da Universidade Luterana (ULBRA) onde foi realizado o workshow. Após algumas dificuldades para estacionar o Infallibus no campus, finalmente conseguimos ter acesso ao Auditório principal da Universidade. Passamos o som e à noite contamos com a presença de 200 pessoas no evento. Na mesma hora, na frente da ULBRA, estava sendo realizado o “aniversário do prefeito”. Isso mesmo, interior é assim, comemoram o aniversário do prefeito com um show de uma grande dupla sertaneja, mas que não lembro o nome. Ficamos todos falando sobre isso, que quem deveria estar pagando aquela festa toda seriam os próprios contribuintes da cidade. Ponto negativo para Itumbiara, em compensação o workshow foi um sucesso. Muita gente que esteve em 2009 voltou trazendo mais convidados. O público de rock em Itumbiara é na sua maioria “evangélico” e na hora do bate papo eu me dirigi a eles como “não sendo evengélico, algum problema???”, rsrs. Acho que eles ficaram assustados com a minha afirmação, mas lógico que tudo não passou de uma grande brincadeira e caímos todos em gargalhadas gerais. Uma constatação deste dia foi a grande discriminação na cidade com o rock de maneira geral. Foram muitas as reclamações das pessoas que foram ao work sobre a falta de apoio total. A maneira como eles me falavam sobre isso me lembrou de anos atrás, lá nos anos 80, quando ainda havia certo preconceito, mas em 2011, isso soa estranho. Itumbiara ainda não abriu as portas para a sua juventude rockeira, uma pena. Fazia muito tempo que eu não presenciava isso. Na quinta-feira, ficamos o dia todo na cidade, pois tínhamos algumas aulas marcadas em uma escola. Aproveitamos também para visitar uma loja de instrumentos que acabou ficando com material nosso para venda na cidade. Foi mais um dia agradácel em Itumbiara. Almoçamos e jantamos novamente na casa do Hiury e jogamos muita conversa fora.
Uberlândia
Na sexta pela manhã, dia 15 saímos bem cedo de Goiás e seguimos para Uberlândia. Fomos recebidos pela Tatiana Ribeiro, nossa grande amiga na cidade. A Tati é responsável pelos nossos vários workshops e aulas em Uberlândia desde 2008, além de trabalhar no Conservatório Estadual de Música na cidade. Às dez horas o Aquiles já estava no Conservatório com os seus alunos, todos agendados. Seria um dia bem puxado para ele, enquanto os outros apenas descansavem no hotel ou passeavam por Uberlândia. Por volta do meio dia fomos até uma rádio para promover o show. Os produtores do show eram o Thiago e a Jenia e eles nos pegaram no hotel. A rádio era bem pop rock, quando chegamos estava tocando Nickelback. O locutor nos disse que a audiencia era mais de um milhão de pessoas. Já achei estranho… Começamos o papo e de cara vimo que o locutor não sabia nada da banda, algo até que normal para uma rádio do interior, mas estranho para uma rádio de rock que estava apoiando o evento. Na primeira intervenção o Humberto já saiu falando sem se apresentar e eu que estava gravando tudo no meu Q3, da “Zoom”, fiz gestos e falei baixinho … ”fala quem é você que aqui não é televisão”. Todos começaram a rir. A primeira confusão, como sempre… Papo vai, papo vem, saquei três ingressos para sorteio e o locutor disponibilizou os mesmos para os primeiros que ligassem… Passou um minuto e nada de alguém ligar… Aí o cara falou ”é, como ninguém ligou vamos deixar os ingressos ali na portaria esperando as primeiras ligações”… Todos da banda começaram a rir e o locutor não sabia onde enfiava a cara. Até hoje eu não sei se a rádio realmente tinha “um milhão de ouvintes” rs, enfim…
Neste dia, pela primeira vez colocamos em prática a palestra “Aquiles Priester, de fã a ídolo”. Às 19 horas a sala estava cheia, com cerca de 200 pessoas que assistiram o Aquiles falar sobre a sua carreira e sua experiência como músico. A plateia gostou tanto que faltou espaço para as perguntas e bate papo, já que extrapolamos os horários. Foi uma experiência muito legal e com certeza será levada a todas as regiões do Brasil. Obrigado a Tatiana e ao Conservatório por abrir este espaço muito importante. À noite saímos todos para comemorar no centro de Uberlândia onde conhecemos o pub de um amigo. Uma banda de covers tocava enquanto alguns conversavam e outros saboreavam algum tipo de líquido com um pouco de álcool dentro… Nada muito exagerado porque o show seria no dia seguinte. Sábado chegou e a equipe foi para a casa do show. O local era fantástico. Excelente palco e infraestrutura. Tanto o Thiago quanto a Jenia se empenharam bastante para que tudo desse certo. Um grande público compareceu e o show foi um sucesso. Podemos rever todos os amigos de longa data e conhecer novos admiradores. Partimos para São Paulo na manhã do dia seguinte e cada um retornou para as suas bases, Porto Alegre, Gravataí, Mococa e Manaus.