Infallible Tour 2010/2011
Postado em 06/07/2010


postado por Fabio Laguna

Saudações Nação Hangariana!

Sejam bem-vindos a mais um capítulo da nossa Infallible Tour 2010/2011. Dessa vez, dividirei com vocês o que rolou com o Hangar no mês de maio.

As atividades em grupo começaram no dia 19 de maio. Nosso primeiro show dessa etapa seria em Mococa, cidade em que resido. Então fui de carro para o nosso QG em Tatuí já que, após os dois dias de ensaio, iríamos direto para Mococa, no dia 20 à noite. A gente até que tinha levado “pouca” coisa para o ensaio, mas as previsões foram corretas: seria impossível colocar cinco pessoas no meu carro, mais as malas pessoais de uma turnê de 10 dias e ainda os equipamentos que usamos no ensaio e teríamos que colocar de volta no ônibus…

Ou seja, no dia 20, à noite, despachei o Martinez e mais sete volumes na rodoviária de Tatuí, e voltei para o sítio para carregar o carro e encaixar os passageiros. Isso mesmo: foi tudo muito bem encaixado em todos os possíveis espaços vazios do carro. No retrovisor eu só conseguia ver algumas malas, pois as cabeças do Mello e do Humberto estavam completamente alocadas entre a carga, rsrs…

E nem eu, o motorista, que geralmente tem certo privilégio de espaço numa situação como essa, tive tal sorte… Cheguei todo o banco pra frente, havia bagagem até no meu pé, entre os pedais, e a troca de marcha era só no pulso, pois era impossível utilizar o braço pra essa função… Se fôssemos parados pela polícia rodoviária nessa noite, certamente o susto do oficial e a multa seriam grandes… Por outro lado, a segurança era total, pois em caso de acidente, os air-bag(agens) já estavam acionados… Ahhh, e com todo excesso de peso, o carro quase ferveu, mas não foi nada demais. Conseguimos chegar a Mococa por volta da meia noite. Deixei o Mello, o Aquiles e o Humberto na casa dos meus pais, para tomarem um banho e se instalarem e voltei para a beira da rodovia, pois o Martinez havia perdido a conexão em Campinas e conseguiu pegar um ônibus que passava somente no trevo de entrada da cidade. Voltei pra casa dos meus pais pra deixar o Martinez e seus sete volumes de bagagem. A equipe já havia chegado algumas horas antes e estavam nos esperando para um jantar na chácara do Chimba, um grande amigo e cozinheiro de primeira! Ele é pai da Vanessa, e sogro do Beto, donos da Cachaçaria, casa onde tocaríamos no dia seguinte. Depois da bela macarronada e umas cervejas, todo mundo foi dormir.

O dia 21 seria de muito trabalho para mim. Acordei às 6 da manhã pra fazer as funções rotineiras de pai e dono-de-casa e às 9 da manhã assumi o papel de produtor do show. Tudo correu bem. Foi muito bom tocar na minha terra, pois seria a melhor forma de mostrar aos meus conterrâneos o que eu ando fazendo por aí, já que sempre perguntam… Por isso, o público conterrâneo era composto basicamente de amigos, os habitues da casa de show e alguns curiosos. Pelo menos metade da platéia era das redondezas da cidade. Não adianta, é aquela estória: “santo de casa não faz milagre”. E por outro lado, como o Rush sentenciou tempos atrás, “o mundo todo é um palco”, e é isso o que importa para mim.

Fica aqui os nossos agradecimentos a todo staff da Cachaçaria. Na madrugada do dia 22, logo após o ônibus estar carregado, partimos em direção a Caraguatatuba, no litoral de São Paulo, onde tocaríamos na Virada Cultural Paulista, ao lado do Plebe Rude e do Sepultura. Nessa viagem tivemos a companhia do ganhador da promoção “Dê um nome para o ônibus do Hangar”. Como ele, nós também tivemos sorte na escolha do felizardo. O Paulo também é músico, um grande admirador do heavy metal, uma pessoa muito tranqüila, e entendeu bem o espírito do Hangar.

Tanto que até ajudou o Lucas a desmontar o kit de bateria depois do nosso show. Além disso, ele é policial civil, ou seja, estávamos protegidos durante toda a viagem. Em um determinado momento, dentro o Infallibus, eu notei o volume na barra da calça dele e perguntei: “me deixa ver?”; rapidamente, como quem entende do assunto, ele já sacou a arma, tirou o pente das balas e me passou o revolver… Nessa hora teve gente dentro do ônibus que pulou da cadeira… “guarda essa merda!” kkkkkk…

Voltando ao trabalho, o show em Caraguá foi fantástico! Nós havíamos tocado no mesmo evento no ano passado numa situação completamente diferente: era o primeiro show do Humberto com o Hangar, então havia certa tensão no ar e, além disso, o cronograma atrasou muito e nós acabamos tocando depois das 3 da manhã, já muito cansados. Em 2010 a estória foi outra… O Humberto já está mais do que dentro do Hangar e tocamos em um “horário nobre”, às 22hs30. Como qualquer festival, o set list foi mais curto, mas muito intenso. Havia umas 5000 pessoas agitando muito com a banda, e bem do lado do palco, o mar e as luzes de Ilha Bela do outro lado do canal. Só quem é músico sabe como esses “detalhes” são inspiradores. Outra coisa muito bacana é notar que o respeito entre as “tribos” é muito grande hoje em dia. Hangar, Plebe Rude e Sepultura tocando juntos no mesmo palco sem nenhuma confusão na platéia. Depois do nosso show, o Phillip Seabra, vocalista do Plebe Rude, passou pelo nosso camarim onde demos boas risadas e dividimos nossas admirações mútuas e causos de estrada.

Fim do trabalho. Lanchinho no trailer. Todo mundo dispensado. O Martinez, o Bruno (técnico de guitarra) e eu aproveitamos o clima praiano pra caminhar até o hotel e se divertir um pouco com os headbangers que estavam perdidos pela orla de Caraguá. Afinal, nossa próxima atividade seria depois de cinco dias, e tínhamos o direito de relaxar um pouco.

No dia 23, ao meio-dia, saímos de Caraguá, em direção a São Paulo. Como teríamos uma longa viagem até Urussanga, em Santa Catarina, decidimos pernoitar na cidade de pedra mesmo. No dia 24, as 7 da matina, partimos para o sul. Decidimos passar por São Bento Baixo, distrito de Criciúma, onde ficaríamos novamente no sítio do nosso grande amigo Thiago “Hommer” Daminelli. À propósito, deixo aqui novamente em nome de todo Hangar, nossos eternos agradecimentos por conhecermos e termos o apoio de uma pessoa tão querida como o Thiago. Dessa vez a estada foi mais curta, então o pessoal ficou “descansando” mesmo. A galera só trabalhou na manutenção rotineira de alguns equipamentos, do busão, etc… Eu armei meu “estúdio portátil” em um canto da casa pra estudar um pouco e terminar uns trabalhos que estavam atrasados. Em uma das minhas idas até a pequena São Bento Baixo pra fazer compras para o sítio, combinei uma partida de futebol com o Hermes, que também se tornou nosso amigo e o Infallibus fica estacionado na frente da sua casa quando estamos por lá. A pelada foi na noite do dia 26, quarta-feira, e foi regada a muita gritaria e palavrões. Teve um pobre cidadão de São Bento Baixo que não agüentou a pressão e abandonou o jogo dizendo algo como: “não tem condições”, rsrsrs…

Na quinta-feira, depois do almoço fomos para Criciúma, onde rolaria uma sessão de autógrafos e depois disso partimos para o Ventuno Pub, em Urussanga, onde faríamos o show no dia seguinte. Chegando lá, fomos recepcionados com um delicioso churrasco, mas o grande acontecimento do dia foi outro… Para entrar no pub há uma subida muito íngreme e estávamos muito preocupados se o ônibus iria subir ou não.

Foi tenso, até porque já sabíamos que havia algo de errado com o motor e não queríamos forçar demais o Infallibus e prejudicar o resto da turnê. Enfim, depois de muita gritaria e confusão embaixo de chuva, conseguimos subir o ônibus até o local onde os equipamentos seriam descarregados no dia seguinte. Um detalhe mórbido: fazia três semanas que chovia sem parar na região serrana de Urussanga. Ou seja, o ambiente era úmido e mofado e a presença do público no show era incerta, já que, além disso tudo, o Ventuno Pub fica na área rural… Massss, dessa vez Murphy se deu muito mal: no dia seguinte, mesmo com pancadas de chuva durante dia e noite, a casa estava cheia e o show foi muito energético. Eu particularmente prefiro tocar em locais menores, porque a interação público-banda é muito mais intensa: não tem como fingir, ficamos cara a cara com o ouvinte. Gostaríamos de agradecer a toda família Ventuno, especialmente ao Everaldo e à Elisangela que tornaram nossa passagem em Urussanga a mais prazerosa possível.

No dia seguinte, em nossa última etapa dessa nova passagem pelo sul do Brasil, seguimos para Tubarão às 9hs30 da manhã. Chegando lá, fomos direto para uma loja de instrumentos, onde teríamos uma sessão de autógrafos. Depois do almoço, seguimos para a casa de shows, também chamada Hangar. A sala era maravilhosa e teríamos condições de montar todo o nosso equipamento. Tudo transcorreu muito bem nesse dia até na hora do show… Havia uma banda cover local que iria fazer a abertura. Como se tratavam de pessoas que nós já conhecíamos e respeitávamos, achamos que estava tudo bem em deixarmos que eles fizessem o trabalho deles e pensamos que respeitariam o nosso… Daí o nosso amigo Murphy compareceu para fechar essa turnê com chave de ouro. Resumindo: a banda de abertura teve das 21hs até as 00hs para passar som, tomar
banho, namorar, passar maquiagem e o que mais julgassem necessário…

Como se já não fosse muito tempo (na estrada, 3 horas é uma eternidade, é quase o triplo do tempo que levei pra escrever esse diário, aqui, direto do Infallibus, em Florianópolis), resolveram chegar atrasados e não cortarem nada do set list! Olha só, não tenho nada contra bandas cover, até porque também trabalho com algumas, mas querer prejudicar o Hangar, uma banda que viajou quase 800 quilômetros para estar ali, que disponibilizou grande parte do seu sistema de som e em momento algum atrasou ou atrapalhou outra banda é o fim da picada! Se fosse em outra cidade, onde os caras precisassem vender o seu peixe a qualquer custo, eu até entenderia. Mas essa banda cover estava tocando “em casa”, para os amigos, pra levar tapinhas nas costas e escutarem: “nossa, você copiou aquela música direitinho”. É aquele velho ditado: é a estrada que separa os homens dos meninos.

Enfim, o show de Tubarão foi “morno” porque começamos a tocar era quase 2 e meia da matina; não há público ou banda que agüente tal maratona sem perder o tesão. De qualquer forma deixo aqui nosso agradecimento pela boa vontade do Marcão Wonka e o Eder, responsáveis pela produção local. E também por ajudarem na carga, já que acharam que os carregadores eram dispensáveis e também foram abandonados pelos seus amigos da banda de abertura.

Logo após o show, o Mello, o Martinez e o Bruno seguiram para Porto Alegre e o resto da trupe foi para o hotel para cochilar um pouco. Partimos às 9hs30 para São Paulo onde ficaram o Aquiles, o Humberto, o Pepe e o Lucas. O Fábio “Didi”, motorista do Infallibus, achou que dava pra seguir até Mococa no mesmo dia, então seguimos viagem e às 2 horas da matina, depois de 16 horas de viagem, a turnê pelo sul estava encerrada.

Até o próximo capítulo!!!

Categoria/Category: Diário

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